Cenas Culturais

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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Rio de Janeiro - Ópera do Malandro


     "Eis, o malandro na praça outra vez, caminhando na ponta dos pés..."

     Max Overseas e sua trupe voltam aos palcos brasileiros neste ano em que se comemoram os 70 anos do seu criador, Chico Buarque. A "Ópera do Malandro" está em cartaz até 26 de outubro nos palcos do Theatro Net Rio.


     A peça foi escrita por Chico Buarque em 1978, e sua  primeira montagem foi dirigida por Luís Antônio Martinez Corrêa, irmão de José Celso Martinez Corrêa, diretor, autor e  ator do Teatro Oficina.

     É uma adaptação para os clássicos "Ópera dos Mendigos", de John Gay, e "A Ópera dos Três Vinténs", de Bertolt Brechte e Kurt Weill.

     Na peça, Chico retratou o Rio de Janeiro da década de 40, época da boemia da Lapa e de seus malandros. Tem como pano de fundo a ilegalidade do jogo, a prostituição e o contrabando. 

     O Cenas Culturais falou sobre o bairro da Lapa nesta edição especial "Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa".


     A "Ópera do Malandro" lançou vários clássicos da Música Popular Brasileira: "Viver do Amor", "Folhetim", "O meu Amor", "Teresinha", "Pedaço de Mim", "Geni e o Zepelim", entre outras. No dia em que o Cenas Culturais assistiu a peça, o tema de Geni foi ovacionado pelo público.

     A montagem original de 1979 teve no elenco: Ary Fontoura, Marieta Severo, Otávio Augusto, Elba Ramalho, Maria Alice Vergueiro, Emiliano Queirós, Ótavio Augusto, Neuza Borges, entre outros.

     Em 1985, foi lançado um filme com direção de Ruy Guerra, com Cláudia Ohana e Edson Celulari.

     A atual montagem, que está no Theatro Net Rio, é a da direção de João Falcão. Falcão dirigiu várias peças de sucesso como, "A Dona da História", "Cambaio", "Clandestinos" e a recente "Gonzagão, a Lenda".

     Foi desta última peça que João Falcão trouxe parte do elenco e também a ideia de só ter uma atriz no elenco. Os outros atores são todos homens. Só que a atriz faz o papel de um personagem masculino e os atores dividem-se em papéis masculinos e femininos.

Chico Buarque e seus personagens
     Isto porque para o diretor, homens fazendo papéis femininos vem de uma longa tradição teatral (na Grécia, berço do Teatro, somente homens podiam atuar. Isto veio até o tempo de Shakespeare. No Japão, o teatro Kabuki também seguiu a mesma tradição). Além do que, Falcão já tinha usado deste artifício em outras produções suas.

     Com certeza, até o primeiro semestre do próximo ano, "Òpera do Malandro" estará em um palco paulistano. Mas se tiver a oportunidade, vá vê-la onde foi criada. Terminada a peça, aproveite e dê uma esticadinha na Lapa. Mas dizem que "...o malandro aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal (...) ele até trabalha, mora lá longe chacoalha, no trem da central".

Theatro NET Rio


     O Teatro Tereza Rachel, ou como era conhecido pelo seu público - Terezão, abriu suas portas em 1971, tendo na estreia Gal Costa apresentando o show "Fa-Tal - Gal a Todo o Vapor". 

     Pelo seu palco, passou a nata do teatro e da música brasileira. Estiveram presentes Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, a própria Tereza Rachel, Eva Wilma, Bibi Ferreira, Dzi-Croquetes, Caetano Veloso, Rita Lee, Raul Seixas, Chico Anysio, Marília Pera, entre outros.

     Após a comemoração de seus 25 anos, no final da década de 90, o teatro fechou as portas. No ano de 2000, virou igreja evangélica. Até que em 2008, voltou a ser usado para fazer seleção de elenco e ensaio de peças da dupla Charles Moeller e Claudio Botelho, entre elas "Hair", "Despertar da Primavera" e "Gypsy".

    A Brainstorming Entretenimento arrendou a sala do antigo teatro Tereza Rachel em 2011, que estava há mais de dez anos sem atividades de lazer e entretenimento abertas ao público. Reformou o espaço e fez parceria com a empresa NET, como patrocinadora da casa, e criou o Theatro NET Rio.

     Reabriu em 4 de abril de 2012, para convidados, com o espetáculo "Bibi - Histórias e Canções", comemorando os 90 anos de vida e 70 anos de carreira de Bibi Ferreira, uma das maiores atrizes brasileiras. No dia 7 de abril foi aberto ao grande público.


     O Theatro NET Rio tem duas salas: a Sala Tereza Rachel, com capacidade para 622 lugares e a Sala Paulo Pontes, com 100 lugares.

     Em São Paulo, foi aberta em julho deste ano uma sala também administrada pela Brainstorming Entretenimento. É o Theatro NET SP, que fica no Shopping Vila Olímpia e que o Cenas Culturais já falou aqui

     Os dois teatros são parecidos. Tem o seu charme, lembram os teatros de antigamente, tem uma sensação de acolhimento. Seus funcionários, muito bem treinados, estão vestidos com uniformes que relembram o da companhia aérea PanAm, e sempre prontos a ajudar.



     Para a "Ópera do Malandro", sentamos na primeira fileira do balcão (fica no piso superior). E percebemos que há um entrave para a visão do público. O parapeito fica bem na frente do rosto das pessoas. 

     Mas foi começar a peça, que um funcionário do teatro abaixou o parapeito, liberando a visão do palco para todos. No intervalo e ao término da peça, ele foi levantado a fim de proporcionar segurança ao público. Ou seja, de todos os setores e lugares do teatro há uma excelente visão do palco.

     Com certeza, o Terezão voltou para os cariocas e para os amantes de uma boa casa teatral. O Theatro NET Rio mostrou que veio - e com classe - para ficar.

"Ópera do Malandro"
Theatro NET Rio
Até 26/10
5a e 6a - 21h; Sábado - 21h30; Domingo - 20h
Duração 150 minutos (com 15 minutos de intervalo)
Com Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Bruce Araújo Davi Guilherme, Eduardo Landim, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Larissa Luz, Léo Bahia, Moyseis Marques, Rafael Cavalcanti, Renato Luciano, Ricca Barros e Thomás Aquino.

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