Cenas Culturais

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domingo, 13 de abril de 2014

Celular não é uma boa companhia no teatro. Deixe-o em casa!


     Final de semana chegou e você está se preparando para sair. Afinal a semana foi estressante, problemas no trânsito, brigas com o chefe, aturar o barulho no meio da noite do vizinho. Nada melhor que descansar. Fazer um programa cultural. Mas são tantas opções - cinema, teatro, restaurante, jantar com os amigos. 

     Você decide que naquele mês irá assistir a uma peça. Mas o que ver? Um teatro comercial ou alternativo? Peça com atores famosos que estão na novela ou com companhias teatrais que você nunca ouviu falar? Ler a sugestão do guia do jornal, com aquele crítico que você nunca concorda, ou ouvir a indicação de alguém, ainda mais um desconhecido, como o escritor deste blog? Depois de tantas dúvidas - afinal, vamos prestigiar ao teatro brasileiro - você escolhe a peça.

     Chegou no teatro. Tudo bem que várias pessoas tiveram a mesma ideia e o trânsito na noite de sexta e sábado não ajudam muito. Escolheu o estacionamento (também, quem é doido de deixar o carro parado na rua e ficar na incerteza se o flanelinha não riscou seu carro, porque você não deixou o "solicitado" por ele, ou se o seu carro estará lá no final da peça), ficou nervoso com o preço (média de vinte reais por 2 horas). Está em pé num lobby pequeno, com pouca ventilação, junto a todos os outros espectadores, tentando ocupar um espaço, enquanto espera pela abertura da sala.

     Você vai para o seu lugar. Senta na sua poltrona (e torce para que suas pernas caibam naquele espacinho destinado a você). Levanta, e senta, para as pessoas entrarem (e saírem) na fileira. Fica vendo as pessoas que estão sentadas em outras poltronas, tentarem sentar em poltronas, as quais não são as suas (e com isso, terem que sair, quando chegam os donos). Até que ouve os três toques que dão o início ao espetáculo.

     Começa a peça. Você se acomoda na poltrona. Senta com a coluna ereta. Apagam-se as luzes. A cortina abre. A história começa a se desenrolar. O texto vai fluindo. Você vai entrando no ritmo do espetáculo. Está absorto do que se passa a sua volta, prestando atenção no que está acontecendo, até que...

     No meio da peça, seu vizinho acende aquela luz azul. Vibrou o celular dele. Ele pega, se contorcendo na poltrona, como se com isso, tornasse-se invisível. E ele começa a ler os recados, ou pior, a falar. Mas ele pode ser médico, você diria. Vai ter médico nestes dias, não só em salas de teatro, mas  em cinemas, em salas de concerto. Com isso, sua atenção se foi e você perdeu o que foi dito.

     Isto também incomodará os artistas no palco. Afinal, ser artista não é fácil. São vários dias de ensaio. Já se acalmaram com o nervosismo que os acomete no início de cada apresentação. Estão concentrados - não só neles, mas também nos colegas que estão no palco, e nas coxias. Estão fazendo daquele dia algo especial para os espectadores. Quando no meio da escuridão da platéia, acende-se uma luz. Pronto, o foco que era exclusivo no palco, foi dividido com o "homem do celular".

     Será que este ato não é sinal de carência? Porque então TER que ver o celular no meio de um espetáculo? Você ficará, em média, umas duas horas, fora do acesso dos seus contatos. Aqueles cento e vinte minutos são únicos, exclusivos para você. É o momento que você decidiu em aproveitar para fazer algo que é fora do seu cotidiano. Porque não aproveitá-lo? Porque tê-lo que dividir com outras atenções?

     Muitas peças falam sobre isto no próprio texto. Em "A Madrinha Embriagada", o homem da poltrona aborda em uma passagem, de uma maneira cômica, a situação de um espectador que resolve atender o celular no meio da peça, como se não fosse ser percebido, nem incomodar os outros. Na peça "Todos os Musicais de Chico em 90 minutos", o ator/diretor/cantor Cláudio Botelho enquanto estava atuando, ao ouvir um celular tocando durante a peça, não perdeu o prumo. Emendou uma canção e fez uma referência sobre o assunto. 

     Foi criada uma campanha para evitar que ocorra. No começo das peças, passam-se as informações sobre o espetáculo, atores, diretor, patrocinadores, e diz-se para desligarem os celulares. Agora, foi criada a campanha - "Saia já do foco", onde atores foram fotografados com a luz azul dos celulares, tablets e note, refletindo sobre os seus rostos. Mais uma forma de evitar este ocorrido.

     O mesmo acontece quando você vai ao cinema. Você está lá no escurinho do cinema, como dizia a titia do Rock, Rita Lee. E do nada, toca o celular, e alguém atende. Mas tudo bem, afinal, os atores não estão lá. Tudo bem nada. Incomoda, e muito! Uma grande sacada, foi alguém que ao ser incomodado por isto, em uma sessão de cinema, berrou para a pessoa que atendeu - "Apaga o abajour!".

   Portanto, quando sair para se divertir, deixe o celular desligado. Aproveite aqueles minutos como se fossem únicos. Entre no clima da história. Se gostou ou não, isso é tema para conversa durante a pizza do jantar. Com isso, além de você não atrapalhar os vizinhos, nem os atores, você estará economizando a bateria do celular (que acaba tão rápido, impressionante).


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