Estou fazendo o curso "Vivenciando o Teatro", no Teatro Escola Célia Helena. A princípio, não é para ser ator, mas sim, para me desenvolver, para melhor conhecer minhas capacidades, e também, porque amo o teatro e queria viver o palco.
Além dos vários jogos que participamos, estamos vendo a estrutura da cena, argumentação, personagem. Depois aplicamos o aprendido no palco (que é a nossa sala de aula). Na conversa com nosso professor, Ademir, Emboava, vimos que um teatro precisa de 3 coisas: ator, texto e platéia. E o teatro é algo efêmero, pois só existe enquanto durar o espetáculo. O que fica é a Literatura Dramática.
Existem vários tipos de palco, que se adaptarão às montagens, e vice-versa. Temos o palco tipo arena (quem nunca viu, deve assistir uma peça do Teatro Oficina, que tem o palco neste formato e foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi), elisabetano, italiano (o mais conhecido - 3 paredes fechadas, sendo a 4a aberta, por onde a platéia assiste a peça).
O palco é onde acontece a peça. Dependendo do tipo, a platéia fica mais próxima, ou não, dos atores. É um lugar sacro (concorda ou não?). Maria Bethânia só entra no palco, em sinal de respeito, descalça.
Temos excelentes teatros na cidade de São Paulo. Estou falando da minha opinião de espectador. São teatros que tem um belo projeto arquitetônico, seja clássico ou moderno (Teatro Municipal e Teatro Sérgio Cardoso); preocupação com conforto da platéia (Teatro Renault, Teatro Bradesco, Teatro Alfa, Teatro do Complexo Ohtake Cultural); adaptado para necessidades especiais (serviço áudio descrição - Teatro Vivo. Alguns também tem bons lugares para cadeirantes, poltronas para obesos).
Mas infelizmente também encontramos no outro lado da escala, teatros que precisariam realizar mudanças. Primeiramente, ter uma preocupação com o público antes do espetáculo. Numa cidade com um trânsito como São Paulo, precisamos sair com uma antecedência, e ao chegar ao teatro, enquanto esperamos a abertura da sala, não há lugar para sentar. Temos que ficar em pé por cerca de 30 minutos. Isso sem falar em aumentar o número de banheiros (principalmente os femininos, vejam o tamanho da fila!)
Pessoas altas, com pernas compridas, também encontram problemas em alguns teatros. Vá no Teatro das Artes. Se a peça durar mais de 1h20, você sairá com os joelhos doendo. Não tem espaço para esticar as pernas, ou pelo menos, não ter que enfiar os joelhos na poltrona da frente. O mesmo encontramos no Teatro Procópio Ferreira. Ambos passaram por reformas recentes.
Aproveitando e falando de reforma: alô, pessoal do Teatro das Artes, fui ver "Rita Lee mora ao lado" hoje, e o acarpetado do palco, bem no meio, estava com um rasgo enorme. Os atores quase tropeçaram e tiveram que arrumar, no mínimo umas 3 vezes, o pedaço que estava rasgado (vou falar da peça nessa semana, vale a pena ir.)
Conseguir arrumar a temperatura do ar condicionado é também um problema. Lógico que não queremos ficar como se estivéssemos em uma câmara fria, nem como numa sauna (e tem muitos pela cidade que estão nessa situação. Tem que ir de bermuda e camiseta, ou levar um cobertor de casa).
Mas agora vem algo inacreditável. Não vou falar das carteirinhas, meia entrada, reclamação dos produtores, concorrência com cinema. Mas, para faturar um algo a mais (e bota a mais - na próxima vez, veja os preços dos produtos), criaram o bar. É bacana, serve para você comer ou beber algo enquanto espera a abertura da sala (lembra do 6o parágrafo?).
Só que agora, descambou de vez. Vendem-se pipoca e refrigerante, que podem ser consumidos dentro da sala de espetáculo (alô, Teatro Renault e Teatro Net Rio). Ou seja, enquanto os atores estão declamando o texto, aquele cheiro típico de pipoca invade o ambiente; o barulho do pessoal comendo, ou terminando o refrigerante (já lembrou do barulho do canudinho, não é?), compete com a fala do ator. Daqui a pouco, quem sabe, não teremos hot-dog, nachos, pizza,... como temos em alguns cinemas, que tal?
E o pior não é isso, a foto abaixo mostra isso. O pessoal sai ao término do espetáculo e, sem cerimônia, deixa seus resíduos no chão! Como se fosse normal. Será que nas suas casas fazem isso?
Mas a pergunta vem para os administradores dos teatros - será que o lucro compensa este "serviço a mais" que está sendo oferecido? (lógico que sim, e muito, ou vai dizer com o preço que você paga pela pipoca, não daria pra comprar 2 quilos de milho em um supermercado?). Para o público - será que não dá para, por 2 horas, concentrar a atenção no que está sendo passado no palco? Precisa comer também? O que pensam os atores, hein?.
Pensemos nisso e boa semana. Como dizia nosso mestre dos palcos, Paulo Autran - "Vá ao teatro."
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