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terça-feira, 1 de abril de 2014

Jesus Cristo Superstar - Não é blasfêmia! (Atualizada)


     (Começarei com um parênteses - favor não ler o texto como ataque a nenhuma religião. Estou tratando da peça, uma visão do autor sobre o personagem público de Jesus Cristo, a obra não visa evangelizar ninguém.) 

     Ele está novamente no meio de nós. E mais uma vez, gerando polêmica! Estamos falando sobre a peça Jesus Cristo Superstar, uma ópera rock criada em 1970 por Andrew Lloyd Weber e Tim Rice.

     A peça narra a última semana da vida de Jesus Cristo na Terra, desde sua chegada em Jerusalém  para a comemoração da última ceia até sua crucificação. Os autores imprimiram na história secular uma visão moderna, onde o fio condutor é Judas, o apóstolo que trai o mestre; e ao invés de diálogos, o bom e velho, e sempre contestador, rock n´roll.

     Inicialmente era para ser um disco, mas desde a primeira montagem, e por onde passa, o musical sempre atrai fortes reações. Afinal, além de incomodar grupos de religiosos, você assiste uma história, que já conhece, mas sob um outro ponto de vista. 

     Judas Iscariotes conta a sua versão da história. Amigo de Jesus, Judas fica preocupado com os rumos que a vida está tomando, com a reação dos sacerdotes judeus e dos representantes de Roma ao crescimento do grupo. É na verdade um questionamento sobre a amizade de dois homens, que antes iguais e com os mesmos ideais, acabam se transformando em opositores.

     
     A peça está dividida em dois atos. Considero o primeiro como uma (linda) ambientação do que irá acontecer; com a apresentação dos personagens, suas dúvidas e inquietações. É uma preparação para a apoteose que é o segundo ato. Este começa com a última ceia, passando pela prisão de Jesus e culminando na cena da crucificação (que não tem como não ficar com um nó na garganta e lágrimas nos olhos).

     A montagem brasileira surpreendeu muito. É um musical, onde as músicas (que são as únicas formas de diálogo da peça) estão muito bem traduzidas e versadas para o português. Parabéns aos atores/músicos Bianca Tadini e Luciano Andrey, que fizeram a versão. A cenografia e figurinos estão lindos (a iluminação trabalha de uma forma tão sutil, mas tão presente, que é como se fosse mais um personagem). 

     Falar dos atores é difícil. Difícil não elogiar um somente. É um verdadeiro trabalho de equipe, onde todos brilham. Igor Rickli, além de sua aparência física, é realmente Jesus Cristo na peça, mostrando a força e a fraqueza do personagem; Negra Li, como Maria Madalena, tem uma voz doce, e que com sua atuação, dá a força que Jesus precisa nesta última semana; Alírio Netto, que já interpretou Jesus em uma montagem mexicana,  como Judas, mostra toda a força e rebeldia do rock n´roll.

     Não posso deixar de destacar Fred Silveira, excelente ator de musicais, como Pôncio Pilatos; Wellington Nogueira, eterno Doutor da Alegria, como um histriônico rei Herodes (está impagável em sua cena) e Rogério Guedes, que saiu do musical Crazy For You, para dar a vida a Caifás (ele tem uma voz maravilhosa).

     Vale a pena assistir Jesus Cristo Superstar? Vale muito a pena! Além de ser imperdível, é um musical que pode (e deve) ser visto mais que uma vez. Não perca tempo, compre seu ingresso (e conheça um excelente e novo teatro - o do  Complexo Ohtake Cultural) e se quiser, benza-se antes. A peça não é uma blasfêmia!

ATUALIZAÇÃO

     Fui novamente hoje, 21 de abril, assistir à "Jesus Cristo Superstar", dessa vez levando meu pai. Realmente comprovou porque é um excelente programa e que merece ser visto, independente do seu credo religioso.

     A peça é uma alegria no palco. Você vê o brilho nos olhares dos atores por estarem fazendo parte desta montagem. A segunda vez é tão surpreendente quanto a primeira. Por você saber o que vai acontecer, seus olhos correm pelo palco tentando ver o máximo possível todos os detalhes (e não são poucos!).

     Passado um mês, percebe-se que os artistas estão mais a vontade nos seus papéis. Isso reflete n qualidade do trabalho. Igor Rickli surpreende interpretando Jesus. A aparência física de Igor ajuda também. Você se regojiza e sofre com seu Jesus, principalmente quando ele sofre os flagelos e é crucificado.

     Alírio Netto, e seu Judas, é a antítese de Jesus. É como se fosse a sombra e a luz, o sacro e o profano. Você consegue perceber as dúvidas de seu personagem, ainda mais quando Judas queria que Jesus fosse realmente o libertador do povo judeu. E como sofre quando descobre que o traiu erroneamente.

     Negra Li transmite uma doçura, e uma força, na voz e na atuação, como Maria Madalena. Você vê a alegria de viver da personagem, principalmente, por estar ao lado do homem que ela escolheu por seguir.

     Isso sem falar das atuações de Wellington Oliveira, Fred Oliveira, Rogério Guedes, Beto Sargentelli  e de todos os atores que participam da peça. Aplaudo-os de pé pelo lindo trabalho feito sob a direção de Jorge Takla.

     As músicas são um capítulo a parte. É uma delícia ouvir as versões para as músicas de Andrew Lloyd Weber e Tim Rice, feitas por Bianca Tadini e Luciano Andrey. Um dos mais lindos trabalhos feitos nos musicais nacionais.

     Mais uma vez - Vale a pena ver a peça? Sim, é imperdível! Você sairá feliz do teatro por ter visto um musical deste porte. Parabéns a produção, equipe técnica e aos atores que fazem "Jesus Cristo Superstar"! E continua não sendo uma blasfêmia.

Jesus Cristo Superstar
Teatro do Complexo Ohtake Cultural
Até 08/06 (Quinta e sexta, 21h; sábado, 17h e 21h; domingo, 18h)
Duração 130 minutos (em 2 atos)

Com Igor Rickli, Negra Li, Alírio Netto, Fred Silveira, Wellington Nogueira,  e um grande elenco.






3 comentários:

  1. Maria Margarida Araújo Alcobia1 de abril de 2014 às 20:28

    Parabéns Rodrigo, seu trabalho está perfeito. Você fez um retrato fiel do espetáculo. Estou cheia de orgulho. Bjs. Mamãe

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  2. Parabéns Rodrigo , amei sua opnião e comentários sobre o espetáculo , amei cada palavra que li e até fiquei com aquela vontade de assistir o espetáculo , que por suas palavras realmente deve ser um ESPETÁCULO . Super amei Beijos saudades.

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    1. Que bom que gostou. Eu adorei a peça e realmente não entendi o porquê de tanta reclamação por parte dos religiosos sobre ela. Em momento algum, eles deturpam a figura de Jesus. Só não podemos esquecer, que é uma peça, com isso, é a visão de alguém sobre alguma coisa. Mas fico contente que gostou. Beijos.

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