Com certeza, você já ouviu as músicas deles - cantou, dançou e até se emocionou. Apesar de serem do tempo da Jovem Guarda (década de 60), Tim Maia, Wilson Simonal, Roberto e Erasmo Carlos, ainda fazem sucesso atualmente.
Se antes tínhamos que nos contentar apenas em ouvi-los, agora podemos ler suas biografias (sejam elas autorizadas ou não). E te garanto, você terá boas horas de leitura, e a possibilidade de conhecê-los melhor.
Tim Maia
Sebastião Maia, ou Tião Marmiteiro na infância, mais conhecido internacionalmente como Tim Maia, é um dos nomes mais famosos da MPB. No livro escrito por Nelson Mota - "Tim Maia, Vale Tudo", ficamos sabendo das peripécias daquele gordinho da Tijuca (RJ), que embalou muitos momentos de nossa vida com sua música.
Nelson conta desde a infância de Tim, quando ainda era Sebastião; sua amizade com seus vizinhos - Jorge Ben Jor (Jorge Ben, na época) e Erasmo Carlos (Erasmo Esteves); a criação do grupo "The Sputniks", que teve a participação de Roberto Carlos; sua ida para os Estados Unidos.
Quando Tim Maia volta, lemos sobre o período da jovem Guarda; seu início na carreira; os amores e decepções; envolvimento com as drogas (os famosos bauruzetes - sinônimo para cigarros de maconha, segundo o dicionário Maia); até seu último show, que viria a ser o especial Multishow ao Vivo, gravado na cidade de Niterói (RJ), quando veio a falecer.
Wilson Simonal
Um dos maiores "entertainers" que o Brasil teve, Wilson Simonal, filho de uma cozinheira e empregada doméstica, como muitos cantores brasileiros, ainda nasceu negro (antes que me julguem por racista, lendo o livro, entenderão que isto era algo que o incomodava). Mas isso não o impediu, que por esforço próprio, conseguisse subir de vida.
No livro "Nem Vem Que Não Tem - A Vida E O Veneno De Wilson Simonal", escrito por Ricardo Alexandre, ficamos sabendo como o cantor, que serviu ao exército; vai trabalhar como "crooner" nas boites do famoso Beco das Garrafas (RJ); e acaba conhecendo o pessoal da Jovem Guarda.
A partir de então, a vida de Simonal deslancha, cria o seu próprio ritmo - a "pilantragem", que cativa não só o Brasil, como o mundo. Ele consegue reger o Maracanãzinho lotado cantando "Meu Limão, Meu Limoeiro", numa apresentação que deveria ser uma homenagem ao cantor brasileiro Sergio Mendes, que estava voltando dos Estados Unidos. O público não quis deixá-lo ir embora.
Só que a vida dá voltas. Estamos no período da ditadura militar, os artistas começam a ser perseguidos e exilados. Até que acontece uma "pilantragem" com o contador de Simonal. Esta ação faz com que o contador visite os porões da ditadura e o cantor, saia com a imagem de delator. Simonal passa a ser perseguido por seus pares e os shows começam a rarear. Com isso, vem a depressão, as doenças e a morte
Roberto e Erasmo Carlos
Falar sobre os dois é quase redundância. Afinal quem no Brasil, quiçá no mundo, nunca ouviu uma música da mais famosa dupla de cantores/compositores nacionais. Suas músicas já foram versionadas e cantadas por eles, ou por cantores estrangeiros, em "n" idiomas.
Apesar de Roberto ser mais reservado, ler sua biografia "Roberto Carlos Em Detalhes", de Paulo Cesar de Araújo, nos traz muitas surpresas. Ficamos conhecendo muitos fatos que não são (mais) comentados pelo cantor. Desde sua infância em Cachoeiro do Itapemirim (ES), quando era conhecido como Zunga, passando pelo período difícil no início da carreira, o sucesso com a Jovem Guarda, a parceria com seu "irmão de fé" Erasmo Carlos, seus amores e o sucesso internacional.
É interessante começar a leitura pela história de Roberto e, em seguida, passar para a de Erasmo Carlos. Parece que são duas histórias bem diferentes (do período em que se conhecem até atualmente). Erasmo, autor de sua biografia "Minha Fama De Mau", conta de uma forma leve, envolvente, com um espírito sacana, sua versão dos fatos. Parece que com a do Roberto, você fica sabendo a versão oficial, e com a do Erasmo, a dos bastidores. Ele também narra o casamento com sua paixão, Narinha, e sua vida em família.
História nos Palcos
Além das biografias dos nossos artistas em livro, podemos também encontrá-los nos palcos, com suas vidas contadas no teatro musical.
Desde agosto de 2011, a vida de Tim Maia foi levada para os palcos. "Tim Maia - Vale Tudo", baseada no livro homônimo. O musical lota os teatros por onde passa e não tem previsão para descer as cortinas.
Aproveitando a oportunidade, Elis Regina volta a vida em "Elis Regina, A Musical", atualmente em palcos paulistanos. Também temos "Cazuza, Pro Dia Nascer Feliz" e "Rita Lee Mora Ao Lado". Já está em produção o musical sobre Chacrinha, o Velho Guerreiro, para 2015.
Quanto aos nossos outros artistas, com certeza seria um prazer ver a história de Wilson Simonal sendo contada nos palcos (serviria principalmente para fazer com que relembrássemos ou conhecêssemos sua música). Quanto a Roberto e Erasmo Carlos, com certeza, seria o musical que teria o maior público no Brasil. Tal como os cantores, poderia fazer uma excursão em todas as regiões brasileiras, com uma temporada de 4 a 5 anos, sem deixar de ter a casa cheia. Mas há um porém - teria que ter a autorização, o que não é muito fácil, do rei Roberto Carlos.
Biografias Não Autorizadas
Esta autorização não foi dada para o autor do livro "Roberto Carlos Em Detalhes", Paulo Cesar de Araújo. Após toda a pesquisa, inclusive entrevistas com o cantor, assim que o livro foi publicado, Roberto Carlos voltou atrás e alegando que o texto tinha inverdades, entrou com uma ação na justiça em 2007 (e ganhou), que mandava a editora recolher todos os exemplares que estavam a venda.
A partir de 2013, outros artistas (entre eles Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, entre outros) criaram um grupo, chamado Procure Saber, que também queria impedir que biografias não autorizadas fossem publicadas. É a liberdade de expressão versus o direito de zelar pela intimidade. Mas também dos biografados quererem receber uma remuneração por parte da editora e do autor do livro.
A ação foi debatida pela sociedade brasileira; o grupo Procure Saber perdeu alguns integrantes, que resolveram sair do grupo; o Supremo Tribunal Federal ouviu as duas partes para saber como se pronunciará, mas até o momento, não há uma decisão final para este assunto.
Boa Leitura
Antes que os livros citados sejam cassados e recolhidos das livrarias, eles podem ser encontrados nas livrarias, nos sebos e no site Le Livros (que tratamos na primeira postagem (http://cenasculturais.blogspot.com.br/2014/03/le-livros.html). A biografia não autorizada do Roberto Carlos ainda pode ser encontrada no site Le Livros.
Ponha o CD do seu artista para tocar, abra sua biografia, e tenha uma boa leitura!
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