Cenas Culturais

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terça-feira, 29 de abril de 2014

Cenas Culturais - os primeiros 30 dias


"Catar Feijão" 
João Cabral de Melo Neto (1965)

"Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco;
o de entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco".


     O blog está fazendo um mês. Neste período, foram feitas 20 postagens sobre cinema, teatro, literatura, premiação de teatro e exposição. Meu objetivo era ter um lugar onde pudesse escrever as minhas impressões sobre o que vi e o que pretendo ver. 

     Tem vários blogs que falam sobre as mesmas coisas. Mas faço do jeito que gostaria de ler. Não é somente uma avaliação sobre o fato visitado ou visto. Procuro completar a análise, contando algo a mais, para que, possa aumentar a curiosidade em quem lê, de verificar sobre o que escrevi.

     Escrever é igual ao poema de João Cabral. Escrevo, leio, releio, faço alterações, pesquiso sobre o tema, lembro de coisas que já vi, começo novas postagens, apago algumas. São as palavras que vão sendo jogadas sobre a página (que é uma tela de computador), e depois vou soprando, separando as pedras, o que boia, as palhas, até chegar ao texto final (não porque eu queira, sempre vem mais idéias depois, mas preciso colocar um prazo para a publicação). 

     E nestes 30 dias, já tive acessos de leitores no Brasil, nos Estados Unidos, na Alemanha, na China, na França, no Japão, na Suíça, na Rússia, no Chile e no Reino Unido. Espero que estejam gostando do que estão lendo. Pediria que comentassem para eu poder saber o que estão achando e também compartilhassem as publicações com os conhecidos. Todas as matérias do blog aparecem também na página do Cenas Culturais no Facebook (www.facebook.com/cenasculturais).

     Mesmo sendo novo, o blog passará por mudanças. A partir de primeiro de maio, cada dia da semana será dedicado a um assunto específico. Na 2a feira, será o "Inquietações", onde faço uma reflexão sobre um assunto ligado a cultura; na 3a feira, será o "Turista no Metrô", para mostrar as obras de arte que tem em cada estação do metrô paulistano.

     Na 4a feira, abordarei os temas - Literatura, Exposição, Dança, Ópera - no "Artes em Geral". Para preparar para o final de semana, na 5a feira falarei sobre "Teatro", na 6a feira sobre "Cinema e Seriados de TV" e no sábado sobre "Pontos Turísticos". No domingo, que é dia de descanso, será feito um resumo sobre o que foi falado na semana.

     Agora é esperar que venham mais 30 dias, e depois mais 30,... Tenham uma boa leitura; visitem as indicações; sugiram novos tópicos a serem abordados. Espero que continuem gostando. Abraços.

     



segunda-feira, 28 de abril de 2014

Museu da Casa Brasileira - um oásis na Faria Lima



     No meio da agitação da avenida Brigadeiro Faria Lima, quase esquina com a avenida Cidade Jardim, existe um Solar, que pode ser considerado como um oásis de beleza e tranquilidade. Ele foi construído na década de 40 para ser a residência do casal Fábio da Silva Prado e Renata Crespi da Silva Prado.

     Fábio Prado foi ex-prefeito de São Paulo, e descende de família tradicional e influente na história da cidade. Filho de Martinho da Silva Prado Júnior (mais conhecido pelo apelido de Martinico Prado),  sobrinho de Antônio da Silva Prado (primeiro prefeito da cidade), neto de Dona Veridiana e bisneto de Antônio da Silva Prado, o Barão de Iguape. Renata Crespi Prado, foi a primeira prefeita da cidade do Guarujá e é filha do imigrante italiano, Rodolfo Crespi, que era dono da maior tecelagem de São Paulo.

     O casal teve uma forte influência política na cidade, além de desenvolver a cultura. Criou o Departamento de Cultura, convidando o escritor Mário de Andrade para dirigi-lo. Foi quando começou a catalogação dos bens culturais brasileiros. Na parte urbanística, Fábio Prado continuou as obras da avenida 9 de Julho, do Viaduto do Chá, do Estádio do Pacaembú, da avenida Rebouças, entre outras.

     Construiu o Solar na região por causa do novo bairro que ele desenvolveu, os Jardins. A elite paulistana, na primeira metade do século 20, deixou o centro e migrou para estes bairros arborizados, que chegam até o rio Pinheiros.

     O Solar, além de ser residência, era um local de recepções oficiais, tendo hospedado autoridades, tanto nacionais quanto internacionais, como a rainha da Inglaterra, Elizabeth II, e o príncipe persa, Ali Khan. Personalidades do meio artístico e intelectual também frequentaram-no.

     O casal viveu no Solar por 18 anos, até a morte de Fábio Prado. Como não tinham herdeiros, e para transformar sua residência em um museu com o objetivo de expor os bens do casal, Renata Crespi Prado cedeu a posse da casa à Fundação Padre Anchieta. A Fundação cedeu-o, em regime de comodato, para a Secretaria de Estado da Cultura.

     A Secretaria fundou em 1970 o "Museu do Mobiliário Artístico e Histórico Brasileiro". Em 1971, por sugestão do historiador e jornalista, Sérgio Buarque de Hollanda (pai dos cantores Chico e Miúcha, e da ex-ministra da cultura, Ana, entre outros), mudou-se o nome para "Museu da Casa Brasileira". Em 1972, transferiu o acervo da antiga sede para o "Solar dos Prado".

     O museu é o único do país voltado ao estudo, preservação, e exposição da história do mobiliário nacional. Também é o único especializado em design e arquitetura, e para tanto instituiu o "Prêmio Design Museu da Casa Brasileira", desde 1986.

     O museu está dividido em 3 partes, o Acervo Permanente - mostra a evolução do mobiliário brasileiro desde o século 17; a Coleção Crespi Prado (que fica exposta no segundo andar da casa) - apresenta a história da família; fotos do casal; a porcelana, os cristais, móveis e utensílios da casa; e as realizações de Renata e Fábio Prado na cidade de São Paulo; e o Arquivo Ernani Bruno - o primeiro diretor do museu, que coordenou o catálogo dos dados sobre os usos e costumes da casa brasileira desde o século 16.


     O jardim do solar tem uma área de mais de 6.000 m², com mais de 200 exemplares de árvores. É um local que serve para expor esculturas, além de ser um lugar para descanso e lazer para seus visitantes.

     Aos domingos, apresenta o projeto "Música no Museu da Casa Brasileira", que já está em seu 15o ano. Sempre às 11 horas da manhã, no Terraço do Solar, há uma apresentação musical. Os visitantes podem ouvir a música sentados no terraço ou no jardim. Tem uma média de 300 espectadores por domingo.

     O museu tem um restaurante, o "Santinho", que é do mesmo grupo do Capim Santo. Comandado pela chef Morena Leite, oferece buffet de almoço de terça a domingo, além de pratos à la carte, sempre priorizando ingredientes da cultura brasileira. Os clientes podem sentar tanto na área interna, quanto em um agradável deck, integrado ao jardim do museu.


     O "Museu da Casa Brasileira" é um agradável atrativo turístico, voltado para toda família. Além de poder visitar e conhecer o acervo, você também pode desfrutar da tranquilidade, passeando por seu jardim, e até mesmo, fazendo uma excelente refeição. Aproveite!

Museu da Casa Brasileira
Terça a domingo - 10h às 18h
Ingressos: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia)
Gratuito aos domingos e feriados.

sábado, 26 de abril de 2014

Serial Killers - por que amamos odiá-los


     Assassinos em séries, ou serial killers, são pessoas que por terem um perfil psicopatológico, cometem uma série de crimes, seguindo o mesmo modus operandi, ou seja obedecendo a um padrão. Este padrão é o que seria reconhecido como suas assinaturas. Ou seja, ao efetuarem um crime, eles assinam as suas "obras".

     Nos enganamos se dissermos que podemos reconhecê-los. Eles diferem da maioria dos criminosos. Não tem cara de mau, não são truculentos, não tem uma aparência desleixada, isto é, não tem pinta de assassinos. Só que são frios, enganadores, manipuladores, transgressores das normas impostas pela sociedade.

    Há dois tipos de classificação para estes assassinos - os organizados, que através de sua inteligência, conseguem se misturar na sociedade, são pais de família, tem uma vida normal, e planejam muito bem as mortes, com isso, não deixando evidências; e os desorganizados, que são impulsivos, não planejam bem os crimes, podendo deixar pistas nos locais.

     A sociedade produziu vários assassinos em séries, sendo o mais famoso, Jack, o estripador. Jack foi o pseudônimo dado a um assassino, não identificado até o momento, que matou cinco prostitutas na Inglaterra do final do século dezenove.

     No cinema, um dos mais famosos assassinos é Norman Bates, do filme "Psicose". Norman gerenciava um motel, que ficava na frente da sua casa. Neste motel, Norman realizou uma série de assassinatos sempre com a "ajuda" de sua mãe. 

     Mas também não podemos esquecer, o famoso canibal Dr. Hannibal Lecter. Personagem de uma série de livros, filmes para cinema e também série de televisão. Hannibal, vivido no cinema tão brilhantemente por Anthony Hopkins, além de matar suas vítimas, prepara com partes do corpo delas, jantares refinados. E para ser mais sádico, ainda oferece este jantar para convidados, que não tem nenhuma ideia do que estão comendo.

     O Brasil também teve os seus assassinos. Encontramos mais dos tipos de assassinos em série desorganizados. O "Bandido da Luz Vermelha, Chico Picadinho, o Maníaco do Parque, entre outros, são alguns dos exemplares mais famosos.

     Mas porque os assassinos em série nos causam tanta comoção? Será que é porque eles não apresentam um padrão normal de ser, que foge das regras da sociedade, o que nos indigna tanto? Também porque com sua inteligência e carisma, conseguem nos enganar a respeito de sua personalidade? Ou por apresentarem características pessoais iguais as nossas, podem ser qualquer um, até nossos vizinhos? Será que é porque eles mostram os nossos lados escuros que não podem aparecer? Será que despertam nossos instintos primitivos que precisam ser domados diariamente?

     Nas séries de televisão, são sempre retratados como pessoas simpáticas; atraentes; que através de seus poderes de manipulação, conseguem conquistar a todos para seus lados; tem o dom da oratória.

     "The Following", ou "Os Seguidores", uma série televisiva, retrata bem o poder de persuasão de um assassino em série. Joe Carroll está preso por causa da morte de 14 mulheres. Só que durante sua transferência para uma outra prisão, consegue fugir e através de suas ações, começa a espalhar o terror em solo americano. 

     Só que Joe não está só. Ele criou, ao redor de si, um culto de seguidores. Estes estão dispostos a tudo para fazer com que seu líder escape, reúna-se novamente com sua família, e que vivam todos em uma comunidade. 

     Um agente do FBI, Ryan Hardy, que foi quem o capturou, começa a persegui-lo novamente. E para melhorar ainda a situação, ele ainda teve um caso com a ex-esposa do assassino. 

     A série já está em seu segundo ano de exibição no Brasil e nos Estados Unidos. A trama tem reviravoltas, com o surgimento de novos seguidores de Joe a cada episódio. Cada capítulo é como se fosse um passeio de montanha russa, é emoção atrás de emoção.


     Se você quiser aprofundar-se nestas mentes doentias dos assassinos em série, sugiro o livro "Mente Perigosas - O Psicopata Mora ao Lado", de Ana Beatriz Barbosa e Silva.

     Boa diversão, se for possível. 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Elis na Casa Brasileira



     Elis está viva na lembrança do povo; na promoção de um jornal, que está vendendo a coleção de CDs, com as músicas da cantora e em duas peças de teatro -  uma, biográfica "Elis, a Musical", e a outra, como participante na história de "Rita Lee Mora ao Lado".

     Neste domingo, 27 de abril, você terá a oportunidade de recordar a "Pimentinha" no show "Pelo Avesso". O programa é composto por releituras de alguns de seus sucessos, como "Como  Nossos Pais", "Aprendendo a Jogar", "Fascinação" e "Tiro ao Álvaro". Quem presta a homenagem a Elis é o ator e cantor, Luiz Araújo e o pianista Silvio Venosa. Luiz também está em cartaz com a peça "Salve a Dor de Cotovelo", no teatro Augusta, e já deixamos a dica aqui no blog     (http://cenasculturais.blogspot.com.br/2014/04/salve-dor-de-cotovelo.html

     O espetáculo será no Museu da Casa Brasileira. O show acontece no terraço da casa, que dá acesso ao jardim. Portanto, você pode apreciá-lo, sentado tanto no terraço, quanto debaixo de uma árvore. Antes ou após a apresentação, você ainda pode conhecer a antiga residência do casal Renata Crespi Prado e Fábio da Silva Prado. Aproveite!

Pelo Avesso
Museu da Casa Brasileira
27 de abril, às 11 horas.
Duração: 60 minutos.
Com Luiz Araújo e Silvio Venosa.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Reflexões sobre o Teatro paulistano



     Eu vou ao teatro desde pequeno, nos anos 70. Graças aos meus pais, fui apresentado ao teatro infantil. Era um programa de final de semana irmos às peças infantis. Também quando estava de férias, ia bastante. Assisti à várias peças - devo ter visto todos os contos de fadas e inúmeras montagens de "Os Saltimbancos", de Chico Buarque.

     Lembro-me de também participar das peças, que quase sempre tinham a participação das crianças - os personagens pediam ajuda para realizar alguma tarefa. Nesta parte, nunca fui tímido. Se tinha que subir no palco, era comigo mesmo (algo que dura até hoje, inclusive por isso, fui fazer o curso de teatro - acho que é um desejo de ser artista, não concretizado).

     Com o passar dos anos, a ida ao teatro só aumentou. Foram tantas peças, que deveria ter guardado todos os programas para recordar. Meu primeiro musical adulto, que me lembro (e guardo no coração) foi a montagem de 1981 de "Ai vem o Dilúvio", no teatro Sérgio Cardoso, com Luiz Carlos Clay, Vivian Costa Manso e Silvia Massari, entre outros. Depois vieram "Evita", com Cláudia e Elymar Santos; "Piaf", com Bibi Ferreira, ambas as peças na antiga casa de shows - Palace, e por aí vai.

     Também via peças não musicais. Havia as antigas companhias de teatro, como a do Antônio Fagundes e da esposa, na época, Clarice Abujamra, que criaram a Companhia Estável de Repertório - CER, e que apresentaram as peças "Xandu Quaresma", "Cyrano de Bergerac" e "Nostradamus", entre outras, sempre no Teatro Cultura Artística (fechado desde 2008 por causa de um incêndio); e a do Teatro do Ornitorrinco, de Cacá Rosset, Luiz Galizia e Maria Alice Vergueiro, que encenaram "Ubu - Folias Physicas, Pataphysicas e Musicaes", "Teledeum" e "O Doente Imaginário", etc; entre outras;

     Também pude assistir textos encenados por Marília Pera, Fernanda Montenegro, Cleide Yáconis, Paulo Autran, Armando Bogus, Antonio Grassi, Irene Ravache, Marcos Caruso, Jandira Martini, Jussara Freire, Esther Góes, Renato Borghi, Walmor Chagas,...
     
     Mas parece que foi um outro tempo. Tempo este que ficou no passado e que me faz questionar algumas coisas do porquê desta mudança.

     Duração - Por que antigamente as temporadas duravam mais? As peças de sucesso ficavam por meses. "O Mistério de Irma Vap" ficou onze anos em cartaz e "Trair e Coçar é só Começar", está sendo encenada desde 1986. Agora uma peça faz sucesso com apenas dois meses em cartaz! E antes, as peças eram apresentadas de quarta a domingo; sendo que agora é só de sexta a domingo.

     Não se pode dizer que é porque temos mais ofertas de lazer atualmente, pois o único atrativo a mais que apareceu, com o passar dos anos, foi a internet. Ou seja, o teatro sempre concorreu com televisão, cinema, shows e restaurantes, entre outros.

     Os musicais também fazem temporadas de só três meses. Se você não conseguir vir para o eixo Rio - São Paulo rapidamente, após a estréia destas peças, perdeu. Não as verá mais. Será que ter uma temporada por um tempo maior é tão difícil assim?

     Sub-produtos - As peças musicais faziam as gravações das músicas da peça e vendiam para o público. Devo ter em algum lugar ainda a fita casseteee da peça "Ai Vem o Dilúvio". Muitos adultos devem ter tido o LP da peça "Os Saltimbancos". Lembro-me do LP da peça infantil "Mônica e Cebolinha no Mundo de Romeu e Julieta" (que foi reencenada em 2013), que vinha com um encarte para recortar e brincar de teatro com os personagens. Além das gravações de musicais, que estrearam por aqui, nas décadas de 60 e 70, como "Hair", "Jesus Cristo Superstar" e "Rock Horror Show" (e que podem ser encontrados na internet).

     As montagens da Broadway costumam excursionar pelos outros estados norte-americanos, além de ter montagens em outros países, e em outros idiomas. Sabendo do público que têm, lançam os cds com as gravações das montagens, tanto no idioma inglês, quanto no idioma do país onde está sendo montada a peça. Além disso, licenciam as peças para serem feitos cadernos, mousepads, canecas, jogos, bonecos, e depois venderem estes produtos nas lojas localizadas dentro dos teatros. Com isso, aumentam a receita.

     No Brasil, basicamente tirando dois musicais em cartaz - "Vingança" e "Todos os Musicais de Chico em 90 Minutos", não se tem a gravação e venda dos cds das peças. Se somos o terceiro maior produtor de musicais no mundo, será que não é indício que tem mercado suficiente para comprar os cds com as músicas da peça?

     Quanto as lojas com os souvenires, destacamos os trabalhos da "A Loja dos Musicais" e a loja do Teatro Renault. "A Loja dos Musicais" é uma empresa independente que não está vinculada a um musical específico e costuma estar presente nas principais peças, vendendo seus produtos (está se preparando para começar a venda online). O Teatro Renault tem no seu saguão, um espaço para vender os itens com a marca dos musicais que apresenta. Mas e as outras tantas montagens? Como fica quem quer levar uma lembrança peça que acabou de ver e gostou?

     Preço - Antigamente, ir ao teatro era um programa de família, e podia ser feito com uma certa regularidade. Depois, costumava-se terminar a noite em uma das várias pizzarias paulistanas.

     Só que agora, virou uma opção de lazer proibitiva. Se a peça não for um musical, costuma ficar na faixa de setenta reais por pessoa. Quando é musical, este valor vai para duzentos reais (tomamos como exemplo, se for escolhido um lugar de boa visibilidade, mais próximo ao palco).
Se por acaso, uma família de pais e dois filhos for ver um musical, gasta em média seiscentos reais! - com ingressos, estacionamento, pipoca e refrigerante. Isto sem a pizza após o teatro (que também aumentou muito de preço atualmente).

     Com isso, como opção para poder reduzir os gastos, as pessoas usam carteiras de estudante. Os produtores de teatro dizem que com o advento destas carteiras, houve um aumento nas vendas de ingressos de meia-entrada, sendo que as vezes, chegam a ocupar cerca de 80% da sala.

     Lógico que com a fácil obtenção de carteiras de estudante, as pessoas usam deste subterfúgio para poderem ir ao teatro. Com isso, os produtores fazem suas planilhas de custo e colocam o que era para ser o preço inteiro como sendo o preço da meia entrada, e quem não tiver carteira de estudante, acaba pagando o dobro do que deveria.

     Mas sabe-se também que há uma oportunidade das montagens conseguirem verba através de incentivos governamentais; quando não, por meio de patrocínio de grandes empresas. Nas montagens da década de 80, quando duravam meses, a bilheteria pagava o espetáculo. Então, como podemos repensar o valor, para permitir novamente o acesso da população ao teatro?

     Esperamos que o teatro possa voltar a ter o apelo que tinha. Nada melhor do que ver, ao vivo, a história se desenrolar na sua frente. Perceber através dos gestos, da respiração, das expressões faciais, o que cada ator tem pra contar. Nada mais excitante do que quando a cortina se abre e somos transportados para uma outra dimensão. Dimensão essa que só é atingida pessoalmente estando sentado na platéia. 

     Vá ao Teatro!

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A Madrinha Embriagada. Saúde!

 


     O Serviço Social da Indústria de São Paulo (SESI - SP) foi criado em 1946, com a finalidade de promover o bem estar social, o desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador que atua nas indústrias, de sua família e da comunidade na qual estão inseridos, em geral.

     Para tanto, o SESI - SP oferece, não só aos trabalhadores da indústria, como a toda população, acesso a cultura, educação, esportes através de várias atividades que acontecem diariamente.

     Na área de cultura, incentivam várias áreas de manifestação artística, como teatro, música, cinema, orquestra, exposições e dança. São mais de 20 espaços culturais, que estão espalhados por todo estado de São Paulo.

     Na capital paulistana, o SESI tem o Centro Cultural Vila Leopoldina, a Biblioteca e Gibiteca do SESI Vila Leopoldina e o Centro Cultural FIESP Ruth Cardoso, localizado na avenida Paulista, o símbolo da cidade.

     O Centro Cultural FIESP Ruth Cardoso é composto de uma Galeria de Arte, uma Galeria de Arte Digital, o Espaço Mezanino e o Teatro Popular do SESI. O teatro recebeu este nome por causa do grupo de teatro, que iniciou as atividades em 1962, organizado pelo diretor Osmar Rodrigues Cruz.

     O grupo existiu entre 1962 a 1993. Seguiu a proposta do Théatre National Populaire, do diretor francês Jean Vilar, de levar teatro gratuito para os trabalhadores da indústria de São Paulo. Iniciou suas apresentações no Teatro da Associação Israelita do Brasil, no Bom Retiro. Em 1977, mudou-se para o novo prédio da FIESP, na avenida Paulista. 

     Em 1992, quando o fundador do grupo se aposentou, a sala de espetáculos recebeu o nome do grupo, e o grupo encerrou suas atividades. Após isto, novos diretores foram convidados a apresentar seus trabalhos naquela sala.

     O Teatro Popular do SESI teve várias montagens antológicas, com os mais famosos atores do teatro brasileiro. Entre as peças que passaram em seu palco, temos: Avenida Dropsie (2005), Timão de Atenas (2006), Tristão e Isolda (2007), O Colecionador de Crepúsculos (2009), Píramo e Tisbe (2011), Lampião e Lancelote (2013), entre outras.

     Estudei Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Me lembro que foi com colegas de curso, que conheci o Teatro Popular do SESI. Chegamos antes das 18 horas, para entrar na fila para pegar o ingresso; e depois pegar outra fila para entrar na sala. Não era lugar marcado. Ficávamos todos sentados no chão, conversando, lendo, comendo lanche, enquanto esperávamos nas filas.

     Depois, fui outras vezes. O teatro era sempre gratuito, só que vinha com a fila. Mas não falam que se tem fila, é bom? E posso afirmar que era e é excelente. O repertório sempre foi escolhido procurando levar o que era de melhor à população. A qualidade das instalações é impecável e confortável. Isso se refletia nas filas.

     Só que o pessoal deve ter reclamado e a administração passou a colocar metade das sessões semanais gratuitas e a outra metade paga. Mas não deve ter sido bem aceito. Com isso, as peças voltaram a ser gratuitas.

     Sempre inovando, o SESI procurou investir em algo a mais na educação e na cultura. Em parceria com o Atelier da Cultura, lançaram o programa "Projeto Educacional do SESI - SP em Teatro Musical", para oferecer oficinas de vivência para os alunos do SESI, formar atores profissionais e platéia para o teatro musical.

     Para dar o pontapé inicial do projeto, o Atelier da Cultura trouxe a peça musical "A Madrinha Embriagada", que estreou na Broadway em 2006. A peça ficará em cartaz por 44 semanas, de 17 de agosto de 2013 até 29 de junho de 2014.


    Eles trouxeram o que há de melhor na área. A peça foi traduzida e dirigida por Miguel Falabella. O elenco é formado pelo "créme de la créme" do teatro musical brasileiro. Participou dos grandes musicais que já se apresentaram aqui. Ficaria indelicado citar um ator e não um outro.

     O grupo criativo também é dos melhores. Produziu grandes musicais. Temos Floriano Nogueira, na parte cênica; Carlos Bauzyz, na parte musical; Kátia Barros, na coreografia; Fause Haten, nos figurinos, entre outros.

     A peça narra um dia na vida de uma pessoa. Ela está em casa, sentada numa poltrona, por isso é denominada de o Homem da Poltrona. Conversa com a platéia, dizendo que quando está triste, gosta de ouvir discos de musicais, e que naquele dia, ouvirá o disco do musical "A Madrinha Embriagada".

     A medida que o disco começa a tocar, o musical ganha vida no palco. Os atores reproduzem na casa do Homem da Poltrona, a peça que ele está ouvindo. O enredo é simples - será celebrado o casamento entre uma atriz, que deixará os palcos, e seu noivo. Seu produtor irá fazer de tudo para impedir o casamento e evitar a perda da sua atriz principal.


     "A Madrinha Embriagada" é uma comédia romântica. As músicas ficam na sua cabeça. Você sai cantarolando do teatro. Infelizmente não temos o registro da versão em português, mas a americana pode ser encontrada na internet.

     A peça é um sucesso. O público respondeu ao chamado do Atelier da Cultura e do SESI. Os ingressos são gratuitos e podem ser reservados pela internet todo dia 20, para o mês seguinte (há cerca de 50 ingressos que são distribuídos no dia da apresentação, na bilheteria). Em agosto de 2013, os ingressos demoraram 36 horas para serem todos reservados. Em janeiro de 2014, foram apenas 25 minutos para se esgotarem.

     Na página do facebook da "A Madrinha Embriagada" (https://www.facebook.com/AMadrinhaEmbriagada), pode-se ver o carinho que o público tem com os atores, e vice-versa. Formou-se um público cativo. Há pessoas que já foram mais de 10 vezes (eu devo ter ido 6). E sempre no final das apresentações, os atores encontram-se com o público, no foyer do teatro, que os espera para tirar fotos. Não se vê isso em outros espetáculos.

     Quando estreou nos Estados Unidos, em 2006, ganhou o Tony Award (que é considerado o Oscar do Teatro), nas categorias de Roteiro de um Musical, Trilha Sonora Original, Atriz Principal em um Musical, Cenografia e Figurino. No Brasil, o musical ganhou o prêmio Aplauso Brasil de Teatro de 2013 na categoria de Melhor Espetáculo Musical.

     Hollywood está cogitando fazer um filme sobre a peça, com a presença dos atores Geoffrey Rush, ganhador do Oscar de melhor ator, e Hugh Jackman.

     O Atelier da Cultura, continuando a parceria com o SESI, já anunciou a próxima peça a ocupar o Teatro Popular do SESI, quando "A Madrinha Embriagada" fizer sua última viagem em 29 de junho. Será "O Homem de La Mancha", musical que já foi montado no país, tendo Paulo Autran, Bibi Ferreira e Grande Otelo, nos papéis principais. Com  certeza, será mais um sucesso.  


     Mas enquanto isso, ainda dá tempo de você embarcar nesta comédia musical, que é um sucesso em solo brasileiro. Pegue o avião de Dôra, a aviadora, e embriague-se junto. De felicidade! Saúde!

A Madrinha Embriagada
Teatro Popular do SESI - FIESP
Até 29/06 (4a a 6a feira - 21h, Sábado - 16h e 21h, Domingo - 19h)
Duração 120 minutos
Com: o grande elenco do teatro musical brasileiro.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O adeus a Gabriel Garcia Marquez



     Nesta quinta-feira, 17 de abril, faleceu o escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez. Gabriel sofria de uma reincidência no câncer que atingia seus pulmões, gânglios e fígado.

     O autor, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1982, escreveu entre outras obras: "Cem Anos de Solidão", "Crônica de uma Morte Anunciada" e "O Amor nos Tempos do Cólera. Fica como dica de sugestão de leitura para este feriado.

Ocupação Zuzu - Vá antes que a censura proíba



Amor é fogo que arde sem se ver
(Luiz Vaz de Camões)

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente; 
é um contentamento descontente, 
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer; 
é um andar solitário entre a gente; 
é nunca contentar-se de contente; 
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade; 
é servir a quem vence, o vencedor; 
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade, 
se tão contrário a si é o mesmo Amor?" 

"...É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte!..." (Divino Maravilhoso - Caetano Veloso e Gilberto Gil)

     Se você viveu a década de 1960, entendeu o começo desta postagem. Se não, procure saber mais sobre o que o país enfrentou por 20 anos, e que, infelizmente, em 2014 comemora-se 50 anos. Durante este período, a liberdade, inclusive a de imprensa foi cassada. Com isso, onde era para ter notícias nos jornais, que iam contra o pensamento do governo, e por consequência eram proibidas, colocavam-se nos seus lugares, receitas de bolo ou poemas.

     Entre 1964 e 1985, o Brasil viveu um período nebuloso. Os militares fizeram a "Revolução de 1964" ou "Contrarrevolução de 1964". Mas para grande parte da população foi mesmo um período de golpe ou ditadura. Só que não foi um ato exclusivo dos militares,  pois uma parte da sociedade apoiou este regime de governo.

     Durante este tempo, se você era contra o governo, você era de esquerda. Muita gente foi interrogada pela polícia militar e conheceram os porões da ditadura.  Só que de lá, alguns nunca mais voltaram.

     É nesse período que surge a estilista Zuleika Angel Jones, ou mais conhecida no mundo da moda, Zuzu Anngel. Mineira da cidade de Curvelo, revolucionou a moda brasileira, desenvolvendo novos tecidos e incorporando temas regionais e nacionais nas peças de roupa que criou para a alta sociedade brasileira.
  
     Mas no auge do seu sucesso, não só nacional, como também internacional, Zuzu teve seu filho, Stuart Angel Jones, militante de esquerda preso. Levado, aos 25 anos, para o Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA), foi torturado e morto em 1971. Só que seu corpo nunca apareceu, nem os militares confirmaram o assassinato.

     Com isso, a estilista começou a falar sobre o que estava acontecendo no Brasil. Fez um desfile-protesto no consulado brasileiro de Nova Iorque (Estados Unidos), onde as roupas apresentavam anjos feridos e amordaçados (o anjo, por causa de seu sobrenome, era seu símbolo, presente em várias peças criadas). Também envolveu artistas e políticos, nacionais e estrangeiros, na sua luta.



     Acabou incomodando os militares Virou persona non grata no país. Como consequência de seus atos, ela morreu em um acidente de carro suspeito, no dia 14 de abril de 1976. Os militares disseram que Zuzu dormiu no volante do carro. Mas depois foi confirmado Que a eestilista tinha sido assassinada.

     Zuzu foi homenageada de várias formas - livros, música e filme. Uma semana antes de morrer, enviou uma carta para Chico Buarque, contendo um documento que deveria ser ser publicado caso algo lhe acontecesse. Nele, a estilista dizia que "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho". Chico lhe dedicou a música "Angélica". Em 2006, foi lançado o filme "Zuzu Angel", dirigido por Sérgio Rezende.

     E agora, quando se comemora os 50 anos da ditadura, o Itaú Cultural realiza a exposição "Ocupação Zuzu Angel". Em quatro andares, estão expostas mais de 400 peças que contam a vida da estilista. Além da mostra, tem performances, ciclo de cinema e palestras com estilistas. Entre as performances, temos atrizes que circulam pelos andares da exposição, vestindo modelitos de Zuzu, e representando trechos do livro "Minha Maneira de Morrer".

     Ao entrar na eexposição,  no andar térreo,  há uma instalação,  com a apresentação de dois filmes. Um deles é a última entrevista dada por Zuzu ao jornal Hoje, no dia de sua morte.

     Subindo ao pprimeiro andar, você vê a Zuzu estilista,  antes da morte de Stuart Angel.  É um ambiente claro,  colorido,  com fotos de suas obras, vestidos feitos por ela, uma represe de seu ateliê.  Vê-se também o anjo que era matca de sua obra.


     Não percam a exposição, pois além de conhecer melhor os trabalhos da estilista, também verão a luta que uma mulher e mãe fez para só poder "...embalar meu filho, que mora na escuridão do mar."

Ocupação Zuzu Angel
Itaú Cultural
Até 11 de maio.
Terça a Sexta - 9h as 20h; sábado, domingo e feriado - 11h as 20h.
Gratuito.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Rita Lee mora ao lado. Agora só falta você.

   

     O teatro musical brasileiro volta e meia aposta suas fichas nos artistas nacionais. Já foram contadas nos palcos, a vida e a obra de vários cantores, como Elis Regina (Elis, a Musical), Tim Maia (Tim Maia, Vale Tudo), Luiz Gonzaga (Gonzagão, a Lenda), Cazuza (Cazuza, Pro Dia Nascer Feliz, o Musical), Adoniran Barbosa (Os Boêmios de Adoniran), entre outros.

     E ainda tem mais homenagens saindo do forno. O musical sobre Cássia Eller estréia ainda este semestre em palcos cariocas, vindo no final do ano para São Paulo. Wilson Simonal e o Velho Guerreiro devem ser os próximos.

     Homenagens são sempre bem vindas. Melhor ainda quando o artista está vivo e pode vê-la. Rita Lee Jones, ou simplesmente, Rita Lee, nossa rainha do rock, é a mais nova retratada do teatro musical brasileiro. Está em cartaz "Rita Lee Mora ao Lado", no Teatro das Artes.

     O musical conta a vida da cantora sob a ótica da sua vizinha, Bárbara Farniente. A mãe de Bárbara era apaixonada pelo pai de Rita, e muda-se para a casa ao lado, quando estes vão para São Paulo. Com isso, as vidas de Bárbara e Rita se cruzam em vários episódios. A peça foi baseada no livro "Rita Lee Mora ao Lado - Uma Biografia Alucinada da Rainha do Rock", do escritor Henrique Bartsch.

     Durante os 150 minutos, vemos a história de Rita Lee. Sua infância, os primeiros grupos musicais - Teenager Singers, Tutti Frutti e Os Mutantes, até a ida para a carreira solo e o encontro com Roberto de Carvalho.

     Também encontramos personagens importantes da nossa história musical e cultural que fizeram parte da vida de Rita. É quando aparecem no palco, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Hebe Camargo, entre outros. Contradizendo a imagem que tem de não aparecer nos seus próprios shows, até Tim Maia dá uma canja no espetáculo.

     Neste musical, as músicas de Rita não servem como diálogos, como encontra-se na maioria dos musicais. "Saúde", "Ando Meio Desligado", "Menino Bonito", "Panis et Circenses", "Agora Só Falta Você", entre outras, são cantadas como músicas mesmo.

    Mel Lisboa está bem como Rita. Ela não tenta fazer uma caricatura e consegue, através de uma boa atuação, reproduzir os jeitos e trejeitos da Rita Lee. As vezes, você se confunde pensando que e a própria que está no palco. Quanto a parte musical, Mel está bem. Não tem a voz de Rita (nem tenta), mas consegue segurar a platéia.

     Quem também é fã da cantora, passará a peça inteira cantando junto com os atores. Parabenizo o ator Fabiano Augusto, que faz um Ney Matogrosso impecável, também sem ser caricato. Tem uma cena linda e emocionante que é quando Rita despede-se dos seus amigos que já se foram. Fica difícil não se emocionar também.

     Se você estava aguardando para ver a opinião da homenageada, não precisa mais. Rita já foi ver o espetáculo, junto com Ney Matogrosso. E merecidamente, deu as bençãos não só a Mel Lisboa, mas a toda a equipe que fazem de "Rita Lee Mora ao Lado", uma boa opção de lazer.


     Então, não perca tempo. Rita Lee ainda mora ao lado. E como já dissemos, agora só falta você!

Rita Lee Mora ao Lado
Teatro das Artes
Até 31/06 (6a feira - 21h30, sábado - 21h e domingo - 19h)
Duração 120 minutos
Com Mel Lisboa, Carol Portes, Rafael Maia, Fabiano Augusto e grande elenco.













terça-feira, 15 de abril de 2014

2o Prêmio Aplauso Brasil de Teatro


     Aconteceu na noite de ontem, 14 de abril, a segunda edição do Prêmio Aplauso Brasil de Teatro. A idealização é do crítico teatral e jornalista, Michel Fernandes. O evento premiou o melhor da cena teatral paulistana de 2013, escolhido através dos mais de 80.000 votos do público pela internet.

     A celebração aconteceu no Theatro São Pedro. Teve como mestre de cerimônias, a atriz Bárbara Paz; a direção musical de Miguel Briamonte; e a participação de anfitriões, que entregaram as estatuetas para os vencedores das 15 categorias. O troféu simboliza o artista no exato momento em que está agradecendo ao público.

Prêmio Aplauso Brasil de Teatro
     Estiveram presentes na premiação, além dos vencedores,  Frederico Reuter, Paula Capovilla, Ivan Parente, Saulo Vasconcelos, Kiara Sasso e Sara Sarres, da peça "A Madrinha Embriagada" (que ganhou o prêmio de melhor espetáculo musical); atores da peça "O Rei Leão"; o ator Júlio Oliveira; a atriz Luíza Lemmertz, entre outros.

     O evento contou com alguns números musicais. O ator Wellington Nogueira, que atualmente está na peça "Jesus Cristo Superstar", cantou na abertura e no encerramento das festividades. Interpretou, no final, a música "Na Carreira", de Chico Buarque, que tanto representa a vida do artista. Paula Capovilla, atriz da peça "A Madrinha Embriagada", encarnou a própria madrinha em um número do mesmo espetáculo, "Vamos Todos Cair". Daniel Maia, vencedor na categoria melhor trilha original, cantou também na premiação.

     Bárbara Paz abrilhantou a noite de comemorações. Não se abalou quando soube que os anfitriões, que iriam entregar os primeiros prêmios, não puderam vir. Foi até a frente do palco e convidou duas pessoas do público, para subirem e entregarem as estatuetas.

    A presença do público na premiação foi marcante. A cada apresentação de um indicado, ouvia-se a ovação vinda da platéia. A atriz, Marjorie Estiano, que não pôde comparecer ao evento, foi representada pelo seu fã clube na hora de receber o troféu como melhor atriz coadjuvante.

     Como prêmios especiais, foram homenageados os grandes diretores Antunes Filho, do Centro de Pesquisa Teatral (CPT), e José Celso Martinez Corrêa, do Teatro Oficina. Luiza Lemmertz, que já foi atriz das duas companhias, foi quem entregou os prêmios aos antigos mestres. Michel Fernandes, idealizador do prêmio, disse que mesmo eles (Antunes e Zé Celso) estando em extremos opostos, ambos se complementam. E que eles são pilares fundamentais na história teatral brasileira.

     Felipe Paulino, que estreou na produção e direção artística do evento, agradeceu a todos que participaram da premiação. Disse que contava com apenas uma quantia irrisória para realizar o evento. Mas, com o auxílio de amigos e apoiadores, que  acreditam no Teatro brasileiro, conseguiu realizar tão linda festa.

     A premiação terminou após duas horas de congraçamento, com um coquetel oferecido aos artistas e público participante. Foi mais uma noite para demonstrar a grande importância que o teatro tem na vida do público brasileiro. Que o troféu Aplauso Brasil de Teatro dure por muitos anos!

     As fotos do evento estão na página do Cenas Culturais no Facebook (www.facebook.com/cenasculturais).

     Segue a lista dos vencedores em cada categoria:
  • Melhor espetáculo de grupo: "S-antas", do grupo Amadodito Cia Teatral
  • Melhor espetáculo de produção independente: "Genet, o Poeta Ladrão"
  • Melhor espetáculo musical: "A Madrinha Embriagada"
  • Melhor figurino: Iraci de Jesus, por "Bem vindo estranho" e "Genet, o Poeta Ladrão"
  • Melhor arquitetura cênica: Eric Lenate, por "Vestido de Noiva"
  • Melhor trilha original: Daniel Maia, por "A Casa de Bernarda Alba", "Jocasta" e "Ricardo III"
  • Melhor dramaturgia: Kiko Marques, por "Cais ou da Indiferença das Embarcações"
  • Melhor diretor: Silvio Vieira, por "Pessoa"
  • Melhor ator coadjuvante: Ubiracy Paraná do Brasil, por "Alô Dolly!"
  • Melhor atriz coadjuvante: Marjorie Estiano, por "O Desaparecimento do Elefante"
  • Melhor ator: Marcos Lemes, por "Pessoa"
  • Melhor atriz: Débora Falabella e Yara de Novaes, por "Contrações"
  • Melhor elenco: S-antas"
  • Destaque: Satyrianas
  • Troféu repescagem: Alan Pires, por "S-antas"
  • Prêmios especiais: Antunes Filho e José Celso Martinez Corrêa
     Abaixo, o vídeo da música "Na Carreira", que foi interpretada na premiação por Wellington Nogueira, cantada por Chico Buarque e Edu Lobo.


segunda-feira, 14 de abril de 2014

Se meu mundo caiu, Salve a dor de cotovelo!


     Você já sofreu por amor? Quem nunca sofreu, independente da intensidade que seja? Eu já sofri e é realmente um sentimento que nos deixa devastado. Parece que o sentido da vida acaba. Não se tem forças para continuar o dia a dia. O pensamento fica sempre voltando à pessoa amada.

     Ah, o amor! Sentimento transformado em palavra. Declamado e cantado em verso e prosa. Não há alguém que ainda não o tenha vivido, ou que não o venha a viver. Os gregos e romanos criaram até uma deusa para representar o Amor e a Beleza, seja com o nome Afrodite (grego) ou Vênus (romano).

     Mas do mesmo jeito que o amor faz bem, também faz sofrer. Tudo por causa do ciume. Um sentimento que aparece nas horas mais impróprias. Parece que fica espreitando até encontrar um momento em que possa se manifestar.

     E nessas horas vem a dúvida. Será que realmente a pessoa foi fazer o que disse? Por que será que chegou tarde do trabalho? O que houve que não atendeu o celular (diga-se de passagem, o celular deve ser filho do ciúme, pois basta a pessoa não atender, para as dúvidas aparecerem)?

     Não adianta tentar voltar ao lado racional. Afinal, o amor não é racional. Ele não conhece essa palavra. Ele é cem por cento emoção. Ele é, e ponto. Mas por causa dele, faz-se até guerra, vide entre outras, a história de Helena de Tróia.

     As brigas vem. As trocas de acusações começam. Surgem as oportunidades. Tudo que começou por amor, vai se esvaindo. Até que chega um momento no qual a situação dos dois fica tão incômoda, que chega a hora de acabar.

     O relacionamento termina por, ou sem, amor. Cada um vai para um lado. O luto chega e, segundo psicólogos, e principalmente por quem já viveu esta situação, deve ser vivido. Todas as suas fases. Mesmo com o amor rondando por perto.

     Entra-se na fossa. Que foi tão bem retratada nas músicas feitas em sua homenagem. Maysa era a sua maior representante. Temos também Dolores Duran, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Waleska, entre outras. Cantavam músicas que serviam para aplacar a "dor de cotovelo".

     De onde surgiu o termo "dor de cotovelo"? Dizem que as mulheres ficavam nas janelas, com o rosto apoiado no cotovelo, a espera do amor que não aparecia. Outro significado é que os homens, após uma desilusão amorosa, iam para os bares e, de tanto ficarem apoiados no balcão, bebendo e chorando as mágoas, e pensando nas pessoas amadas, ficavam com o cotovelo doendo.

     A comédia romântica "Salve a dor de cotovelo" retrata bem as confusões causadas por este sentimento. A peça narra os amores e dissabores do casal Dora e Leonel, na década de 1960. Apresenta a vida do casal desde o momento em que se conhece, se apaixona e se casa. Junto com o casamento, vem uma gama de sentimentos, como a paixão, o ódio, o ciúme e a solidão.

     A história é acompanhada de grandes sucessos da música de fossa, que servem para expressar o que o casal está vivendo e sentindo, bem como as decisões que irão tomar. Podemos ouvir os clássicos como "Meu mundo caiu", de Maysa; "Errei sim", de Ataulfo Alves; "Quem é", de Silvinho; e "Hino ao amor", de Edith Piaf; entre outros.

     A história de Dora e Leonel é igual a de vários casais que existem em qualquer canto do mundo. Afinal, por medos e incertezas, muitas vezes, os sentimentos se confundem, as palavras não são ditas, e surgem as incertezas, que acabam corroendo os corações.

     Mas não se preocupe - a dor passa! Chega uma hora em que o luto termina. É o momento da vitória sobre o sofrimento do coração. Hora de recomeçar. Novamente, pensar na gente, e não mais no outro. Arrumar-se. Perder os quilos obtidos. Ver as cores, onde antes só havia o cinza. E como diz Chico Buarque em "Olhos nos Olhos" - "...Olhos nos olhos, quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz". E encontrar um novo amor, ou uma maneira diferente de amar a quem já se amou.

Salve a Dor de Cotovelo
Teatro Augusta
Até 08/06 (6a feira - 21h30, sábado - 21h e domingo - 19h)
Duração 90 minutos
Com Beto Marden, Charles Dalla, Luiz Araújo e Naíma.

domingo, 13 de abril de 2014

Celular não é uma boa companhia no teatro. Deixe-o em casa!


     Final de semana chegou e você está se preparando para sair. Afinal a semana foi estressante, problemas no trânsito, brigas com o chefe, aturar o barulho no meio da noite do vizinho. Nada melhor que descansar. Fazer um programa cultural. Mas são tantas opções - cinema, teatro, restaurante, jantar com os amigos. 

     Você decide que naquele mês irá assistir a uma peça. Mas o que ver? Um teatro comercial ou alternativo? Peça com atores famosos que estão na novela ou com companhias teatrais que você nunca ouviu falar? Ler a sugestão do guia do jornal, com aquele crítico que você nunca concorda, ou ouvir a indicação de alguém, ainda mais um desconhecido, como o escritor deste blog? Depois de tantas dúvidas - afinal, vamos prestigiar ao teatro brasileiro - você escolhe a peça.

     Chegou no teatro. Tudo bem que várias pessoas tiveram a mesma ideia e o trânsito na noite de sexta e sábado não ajudam muito. Escolheu o estacionamento (também, quem é doido de deixar o carro parado na rua e ficar na incerteza se o flanelinha não riscou seu carro, porque você não deixou o "solicitado" por ele, ou se o seu carro estará lá no final da peça), ficou nervoso com o preço (média de vinte reais por 2 horas). Está em pé num lobby pequeno, com pouca ventilação, junto a todos os outros espectadores, tentando ocupar um espaço, enquanto espera pela abertura da sala.

     Você vai para o seu lugar. Senta na sua poltrona (e torce para que suas pernas caibam naquele espacinho destinado a você). Levanta, e senta, para as pessoas entrarem (e saírem) na fileira. Fica vendo as pessoas que estão sentadas em outras poltronas, tentarem sentar em poltronas, as quais não são as suas (e com isso, terem que sair, quando chegam os donos). Até que ouve os três toques que dão o início ao espetáculo.

     Começa a peça. Você se acomoda na poltrona. Senta com a coluna ereta. Apagam-se as luzes. A cortina abre. A história começa a se desenrolar. O texto vai fluindo. Você vai entrando no ritmo do espetáculo. Está absorto do que se passa a sua volta, prestando atenção no que está acontecendo, até que...

     No meio da peça, seu vizinho acende aquela luz azul. Vibrou o celular dele. Ele pega, se contorcendo na poltrona, como se com isso, tornasse-se invisível. E ele começa a ler os recados, ou pior, a falar. Mas ele pode ser médico, você diria. Vai ter médico nestes dias, não só em salas de teatro, mas  em cinemas, em salas de concerto. Com isso, sua atenção se foi e você perdeu o que foi dito.

     Isto também incomodará os artistas no palco. Afinal, ser artista não é fácil. São vários dias de ensaio. Já se acalmaram com o nervosismo que os acomete no início de cada apresentação. Estão concentrados - não só neles, mas também nos colegas que estão no palco, e nas coxias. Estão fazendo daquele dia algo especial para os espectadores. Quando no meio da escuridão da platéia, acende-se uma luz. Pronto, o foco que era exclusivo no palco, foi dividido com o "homem do celular".

     Será que este ato não é sinal de carência? Porque então TER que ver o celular no meio de um espetáculo? Você ficará, em média, umas duas horas, fora do acesso dos seus contatos. Aqueles cento e vinte minutos são únicos, exclusivos para você. É o momento que você decidiu em aproveitar para fazer algo que é fora do seu cotidiano. Porque não aproveitá-lo? Porque tê-lo que dividir com outras atenções?

     Muitas peças falam sobre isto no próprio texto. Em "A Madrinha Embriagada", o homem da poltrona aborda em uma passagem, de uma maneira cômica, a situação de um espectador que resolve atender o celular no meio da peça, como se não fosse ser percebido, nem incomodar os outros. Na peça "Todos os Musicais de Chico em 90 minutos", o ator/diretor/cantor Cláudio Botelho enquanto estava atuando, ao ouvir um celular tocando durante a peça, não perdeu o prumo. Emendou uma canção e fez uma referência sobre o assunto. 

     Foi criada uma campanha para evitar que ocorra. No começo das peças, passam-se as informações sobre o espetáculo, atores, diretor, patrocinadores, e diz-se para desligarem os celulares. Agora, foi criada a campanha - "Saia já do foco", onde atores foram fotografados com a luz azul dos celulares, tablets e note, refletindo sobre os seus rostos. Mais uma forma de evitar este ocorrido.

     O mesmo acontece quando você vai ao cinema. Você está lá no escurinho do cinema, como dizia a titia do Rock, Rita Lee. E do nada, toca o celular, e alguém atende. Mas tudo bem, afinal, os atores não estão lá. Tudo bem nada. Incomoda, e muito! Uma grande sacada, foi alguém que ao ser incomodado por isto, em uma sessão de cinema, berrou para a pessoa que atendeu - "Apaga o abajour!".

   Portanto, quando sair para se divertir, deixe o celular desligado. Aproveite aqueles minutos como se fossem únicos. Entre no clima da história. Se gostou ou não, isso é tema para conversa durante a pizza do jantar. Com isso, além de você não atrapalhar os vizinhos, nem os atores, você estará economizando a bateria do celular (que acaba tão rápido, impressionante).


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Virada no Jogo - E se fosse no Brasil?


  
     Estamos em mais um ano eleitoral no Brasil. Dias 05 e 26 de outubro iremos eleger os novos Presidente, Vice-Presidente, Governadores, Vice-Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais; além do Governador, Vice-Governador e Deputados do Distrito Federal.

     2013 foi o ano em que o gigante acordou. O povo foi para as ruas exigir seus direitos. Começou com a reivindicação do aumento de R$ 0,20 no transporte. Mas na verdade, não foi apenas por vinte centavos, mas sim, por todos os sapos que estavam entalados nas nossas gargantas:
  • saúde;
  • educação;
  • transporte;
  • moradia;
  • alimentação;
  • taxa tributária;
  • burocracia governamental;
  • corrupção ativa e passiva, não somente no governo, mas na sociedade como um todo.
     Sabemos diariamente de todos os problemas que nosso país vive, e vem vivendo desde quando foi descoberto (meio incoerente, pois já éramos conhecidos para os moradores nativos das Américas, bem como, por outros navegadores exploradores que já haviam chegado aqui). Só que infelizmente esquecemos muito depressa.

     Fomos matéria de toda imprensa internacional a respeito das reivindicações que estavam sendo feitas nas ruas. Saímos nas capas de vários periódicos. Seria o futuro que tanto esperávamos (afinal, o Brasil é o país do futuro). Só que este futuro nunca chega, pois quando o amanhã vira hoje, o futuro torna-se presente, com isso, ele vai eternamente sendo postergado. 

     Vimos o decorrer dos fatos - as reivindicações sendo invadidas por oportunistas, que queriam aproveitar a ocasião para extravasar seus instintos bárbaros de saquear, pilhar, destruir, escondidos atrás de máscaras; com isso, a população deixou de ir nos movimentos; e o gigante adormeceu novamente.

     E o que ficou, foi que o país continua na mesma. E na mesma, estamos todos nós, seu povo. Aprendi na aula de Direito Constitucional, que um Estado é composto de povo, território e soberania. E que a Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Só que o povo está esquecido em estado de letargia.


     Como este blog não é exclusivamente sobre política, mas que a Política interfere também nas cenas culturais de uma sociedade, aproveito para deixar como dica o filme "Virada no Jogo" (Game Change, 2012).

     "Virada no Jogo" é um filme feito para o canal a cabo norte-americano HBO (presente nas assinaturas a cabo, bem como facilmente encontrado na internet). Trata sobre a eleição presidencial dos Estados Unidos no ano de 2008.

     O cenário é a disputa pela presidência entre os senadores Barack Obama e John McCain. O filme foca na figura da governadora do Alasca, Sarah Pailin, que foi candidata a vice-presidência na chapa republicana de McCain.

     Vinda de um estado pequeno e sem grandes influências políticas no país, Sarah é designada como candidata e, como dizem no filme, "jogada no meio do oceano sem um salva-vidas". Os estrategistas republicanos acreditaram que a figura de uma mulher exerceria influência nos debates, minando a força que Obama estava desenvolvendo.

     Só que a candidata não estava preparada para ser bombardeada por todos jornalistas, que a sabatinariam sobre as decisões que tomariam se fossem eleitos. Quando Sarah Pailin fazia seus discursos, conseguia captar a atenção dos ouvintes, mas quando tinha que responder as perguntas, ela se atrapalhava e não sabia o que responder.

     Este filme é interessante para ser visto, pois faz com que pensemos, como são os nossos políticos. Será que estão realmente preparados para responder tais perguntas feitas no filme? Sabem qual destino dar ao nosso país? Tem conhecimento sobre assuntos nacionais e internacionais que dão subsídios a suas decisões? Será que eles não são várias Sarah Pailin?

     É hora de fazer este gigante acordar, e principalmente, mantê-lo acordado, para que possamos encontrar o caminho que tanto queremos para nossa Nação. E não vermos mais em noticiários o descaso que acontece diariamente com nosso povo. 

     Mais uma indicação - o site Eleições 2014 (http://www.eleicoes2014.com.br/) tem informações úteis sobre o pleito deste ano, com a biografia dos candidatos. Mais uma fonte de informação para fazer a escolha certa na hora de votar.

"Frozen - Uma Aventura Congelante" - O Poder Feminino

   

     Walt Disney começou seu império do entretenimento com a série de desenhos da Alice (sem relação a "Alice no País das Maravilhas") e do coelho Oswaldo. Só que ao retornar de uma viagem à Nova Iorque, foi pego de surpresa. Seu antigo patrão roubara o direito dos personagens, bem como sua equipe de desenhistas e suas encomendas. Mas há males que vem para o bem. Durante a viagem de volta, Disney cria seu mais famoso personagem, Mickey Mouse.

     Com o crescimento das empresas Disney, novos personagens são criados para a turma do Mickey - Pateta, Pluto, Tio Patinhas, Pato Donald, Margarida, entre outros. Ao mesmo tempo, Walt utiliza dos contos de fadas e fábulas europeus para a criação de novos personagens exclusivos para o cinema, começando com "Os três porquinhos" (1933) e "Branca de Neve" (1937).

     Disney, através destes novos personagens, começa a conquistar novos mercados. Isto porque, como são inspirados em contos/histórias de um país, é uma forma de mostrar apreço pela cultura local, bem como, fazer com que a população deste país, sinta-se importante por ter uma parte de sua cultura retratada e divulgada ao redor do mundo.

     Nos primeiros filmes, são explorados quase exclusivamente contos ingleses - "Alice no País das Maravilhas", "Peter Pan", "A Dama e o Vagabundo", "Robin Hood", "Os 101 Dalmátas". Disney também usa um conto italiano - "Pinóquio", um francês - "Cinderela", e um indiano "Mogli, o Menino Lobo".

     A produção destes filmes de sucesso vai até o final dos anos 70. Na década seguinte, as empresas Disney não tiveram lançamentos tão significativos. Uma nova fase no ramo cinematográfico começou no ano de 1989, com o lançamento de "A Pequena Sereia", que também deu início a era das princesas.

     O conglomerado Disney já estava bem desenvolvido, e o licenciamento de seus personagens estava a pleno vapor, inundando os mercados consumidores com fitas VHS, revistas em quadrinhos, personagens de pelúcia, materiais escolares, brinquedos, entre outros. Mas precisavam desenvolver novos mercados para aumentar a receita financeira. Para tanto, porque não criar personagens femininos que iriam atender aos desejos inconscientes deste filão de mercado?

     O filme "A Pequena Sereia" deu início a uma nova conquista de mercados - "invadindo" os países e atendendo os sonhos das mulheres - o de tornarem-se princesas. Afinal não é isso que se trata os contos de fadas - a menina que está passando pela fase da infância para a maioridade, que deixará a vida familiar para constituir a sua própria, e que casará com um príncipe tornando-se assim uma princesa. Tudo não passa de uma doce ilusão. Mas afinal para  que existem, na atualidade, os contos de fadas, se não para sonhar?

     Depois vêm "A Bela e a Fera", "Aladdin", "Pocahontas", "Mulan", "A Princesa e o Sapo", "Enrolados". Mesmo filmes que não tem como personagem principal uma figura feminina, o personagem secundário, que ajudará na transformação do personagem principal em herói, em um adulto, é uma mulher. No filme "O Rei Leão", Simba só volta ao seu destino de tornar-se rei das terras dos leões, quando encontra Nala; "Tarzan" tem sua Jane; e Stitch tem sua Lilo (Lilo e Stitch).

     Pensando em ações de marketing, as empresas Disney desenvolveram este novo filão - nas lojas Disney, há uma sessão exclusiva para que meninas (de todas as idades) possam comprar roupas de suas princesas dos sonhos, incluindo acessórios (como jóias e tiaras), fazerem maquiagem e os penteados das princesas. Ou seja, podem sair da loja caracterizadas como princesas.



     Além disso, dentro dos parques há o encontro com as princesas, onde os visitantes podem tirar fotos com as personagens; o jantar com as princesas; a cerimônia de coroação da nova princesa, a medida em que cada filme é lançado, quando todas as outras princesas dão as boas vindas a nova integrante da turma.

     Não podemos nos iludir. Tudo isso é feito pensado em uma ação de marketing e em um retorno financeiro. Já que o mercado feminino é o mais importante; que há mais mulheres que homens no mundo; que as mulheres ocupam lugares de destaque na sociedade, a empresa Disney entrega o que o mercado procura. MAS, elas são apenas princesas, a figura masculina que é o Rei (já pensaram nisso?).

     Ano passado, surgiram as novas princesas da Disney - Elsa e Anna, do filme "Frozen, uma Aventura Congelante". Este desenho foi inspirado no conto dinamarquês, de Hans Christian Andersen, "A Rainha das Neves".

     O filme fez muito sucesso, e que cresce a cada dia. Ganhou o Oscar de melhor filme de animação e de melhor canção original - "Let it go", interpretada por Idina Menzel (ou segundo John Travolta, ao apresentá-la durante a premiação, como Adela Nazeem). É a animação de maior bilheteria mundial. Já estão pensando em transformar o filme em peça da Broadway, assim como fizeram com "A Bela e a Fera", "A Pequena Sereia", "O Rei Leão", "Mary Poppins" e  a recém lançada, "Aladdin".

     Vale a pena assistir a "Frozen, uma Aventura Congelante". É uma animação musical, com personagens interessantes e cativantes. Há aventura, comédia e romance, com isso, agradando também os meninos. A trilha sonora é boa, dá para ouvir no dia a dia.

     Daqui a pouco estará no mercado de DVD e Blu-Ray, e com certeza, se você tiver uma filha, também na sua casa. E com certeza, enquanto estamos vivendo nossas vidas, novas princesas aguardam suas oportunidades para invadirem e conquistarem nossos mercados.      

Post Scriptum (ou como conhecemos como P.S. - isto para quem já escreveu cartas, sabe o que é) - Este post surgiu como um outro post. Iria falar de "Frozen" mais para frente. Estava escrevendo sobre "Rio 2", que assim será publicado adiante. Interessante que você começa a escrever sobre uma coisa, e os pensamentos o encaminham para outra. Na verdade, os personagens, sobre quem falamos, também tem suas vontades. O escritor os obedece, afinal, estamos contando as suas histórias,  não as nossas.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Teatro - templo a ser melhorado

     
     Estou fazendo o curso "Vivenciando o Teatro", no Teatro Escola Célia Helena. A princípio, não é para ser ator, mas sim, para me desenvolver, para melhor conhecer minhas capacidades, e também, porque amo o teatro e queria viver o palco.

     Além dos vários jogos que participamos, estamos vendo a estrutura da cena, argumentação, personagem. Depois aplicamos o aprendido no palco (que é a nossa sala de aula). Na conversa com nosso professor, Ademir, Emboava, vimos que um teatro precisa de 3 coisas: ator, texto e platéia. E o teatro é algo efêmero, pois só existe enquanto durar o espetáculo. O que fica é a Literatura Dramática.

     Existem vários tipos de palco, que se adaptarão às montagens, e vice-versa. Temos o palco tipo arena (quem nunca viu, deve assistir uma peça do Teatro Oficina, que tem o palco neste formato e foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi), elisabetano, italiano (o mais conhecido - 3 paredes fechadas, sendo a 4a aberta, por onde a platéia assiste a peça).

     O palco é onde acontece a peça. Dependendo do tipo, a platéia fica mais próxima, ou não, dos atores. É um lugar sacro (concorda ou não?). Maria Bethânia só entra no palco, em sinal de respeito, descalça.

     Temos excelentes teatros na cidade de São Paulo. Estou falando da minha opinião de espectador. São teatros que tem um belo projeto arquitetônico, seja clássico ou moderno (Teatro Municipal e Teatro Sérgio Cardoso); preocupação com conforto da platéia (Teatro Renault, Teatro Bradesco, Teatro Alfa, Teatro do Complexo Ohtake Cultural); adaptado para necessidades especiais (serviço áudio descrição - Teatro Vivo. Alguns também tem bons lugares para cadeirantes, poltronas para obesos).

     Mas infelizmente também encontramos no outro lado da escala, teatros que precisariam realizar mudanças. Primeiramente, ter uma preocupação com o público antes do espetáculo. Numa cidade com um trânsito como São Paulo, precisamos sair com uma antecedência, e ao chegar ao teatro, enquanto esperamos a abertura da sala, não há lugar para sentar. Temos que ficar em pé por cerca de 30 minutos. Isso sem falar em aumentar o número de banheiros (principalmente os femininos, vejam o tamanho da fila!)

     Pessoas altas, com pernas compridas, também encontram problemas em alguns teatros. Vá no Teatro das Artes. Se a peça durar mais de 1h20, você sairá com os joelhos doendo. Não tem espaço para esticar as pernas, ou pelo menos, não ter que enfiar os joelhos na poltrona da frente. O mesmo encontramos no Teatro Procópio Ferreira. Ambos passaram por reformas recentes. 

     Aproveitando e falando de reforma: alô, pessoal do Teatro das Artes, fui ver "Rita Lee mora ao lado" hoje, e o acarpetado do palco, bem no meio, estava com um rasgo enorme. Os atores quase tropeçaram e tiveram que arrumar, no mínimo umas 3 vezes, o pedaço que estava rasgado (vou falar da peça nessa semana, vale a pena ir.) 

     Conseguir arrumar a temperatura do ar condicionado é também um problema. Lógico que não queremos ficar como se estivéssemos em uma câmara fria, nem como numa sauna (e tem muitos pela cidade que estão nessa situação. Tem que ir de bermuda e camiseta, ou levar um cobertor de casa).

     Mas agora vem algo inacreditável. Não vou falar das carteirinhas, meia entrada, reclamação dos produtores, concorrência com cinema. Mas, para faturar um algo a mais (e bota a mais - na próxima vez, veja os preços dos produtos), criaram o bar. É bacana, serve para você comer ou beber algo enquanto espera a abertura da sala (lembra do 6o parágrafo?). 

     Só que agora, descambou de vez. Vendem-se pipoca e refrigerante, que podem ser consumidos dentro da sala de espetáculo (alô, Teatro Renault e Teatro Net Rio). Ou seja, enquanto os atores estão declamando o texto, aquele cheiro típico de pipoca invade o ambiente; o barulho do pessoal comendo, ou terminando o refrigerante (já lembrou do barulho do canudinho, não é?), compete com a fala do ator. Daqui a pouco, quem sabe, não teremos hot-dog, nachos, pizza,... como temos em alguns cinemas, que tal?

     E o pior não é isso, a foto abaixo mostra isso. O pessoal sai ao término do espetáculo e, sem cerimônia, deixa seus resíduos no chão! Como se fosse normal. Será que nas suas casas fazem isso? 


     Mas a pergunta vem para os administradores dos teatros - será que o lucro compensa este "serviço a mais" que está sendo oferecido? (lógico que sim, e muito, ou vai dizer com o preço que você paga pela pipoca, não daria pra comprar 2 quilos de milho em um supermercado?). Para o público - será que não dá para, por 2 horas, concentrar a atenção no que está sendo passado no palco? Precisa comer também? O que pensam os atores, hein?.

     Pensemos nisso e boa semana. Como dizia nosso mestre dos palcos, Paulo Autran - "Vá ao teatro."