Imagine se aqui no Brasil, antes da televisão a cabo, só tivéssemos uma rede de tv, e que esta rede produzisse a maior parte do que veríamos, dividida em dois canais. É como se só tivéssemos por um tempo a TV Globo 1 e a 2. Com o início do século 21, a Globo teria mais três canais, totalizando cinco.
Basicamente, é isto que acontece na Inglaterra. A "Corporação Britânica de Radiodifusão" (British Broadcasting Corporation ou BBC) é a rede dominante no país. Atualmente, ela é dona de 10 estações de rádio e de 10 canais de televisão.
Mas diferente do Brasil, isso não é ruim. Os canais são segmentados por programação: noticiário, filmes, dramaturgia, educação, juvenil, teatro ao vivo, arte, notícias 24 horas, política nacional e internacional, infantil. E são programas de qualidade! Diferente das "pérolas" que vemos nos nossos canais abertos.
Você pode dizer - mas eles são de primeiro mundo! Concordo, e é por isso que passam programas de qualidade com conteúdo. É reflexo do investimento na educação que é feito pelo governo. Lembro-me que passei umas férias com meu avô, que morava em Portugal. Os filmes não eram dublados, mas sim, eram falados no idioma original, com legendas em português. Perguntei para o meu avô sobre quem não conseguia ler, e ele me disse que era minoria!
Como concorrente, tem a ITV Studios, que é a Televisão Independente (Independent Television), que compete com a BBC pela liderança nos canais britânicos abertos.
Sugiro duas séries - "Downton Abbey" (BBC) e "Mr. Selfridge" (ITV Studios). A primeira passa no canal brasileiro a cabo GNT. Mas ambas podem ser encontradas em sistema de video "on demand" (como o serviço da NetFlix), ou em downloads nos vários sites de torrent na internet (se não souber, peça para seu filho ou neto, que eles saberão encontrar).
"Downton Abbey" foi lançada em 2010. Terminou sua terceira temporada e já foi renovada para uma quarta. Conta a história do Conde Grantham e sua família, proprietários de uma casa de campo, Downton Abbey, localizada na cidade de Yorkshire. Retrata a vida dos proprietários e sua relação com seus criados, durante o reinado de Jorge V, no início do século 20.
A primeira temporada começa com o naufrágio do Titanic em 1912; a segunda, durante o período da 1a Guerra Mundial; e na terceira, entre 1920 e 1921. Há uma previsão que a série chegue até a sétima temporada.
A série retrata algo diferente da nossa realidade. É uma história da aristocracia inglesa, com todas as suas tradições, e o relacionamento com a criadagem, que também seguia um elaborado sistema hierárquico, que inclui lacaios, criadas, cozinheiras, governantas e mordomos. Durante as três primeiras temporadas, há uma mudança na relação da sociedade britânica, a diminuição dos números de serviçais, a ida dos trabalhadores do campo para a cidade, a mudança na relação do trabalho; além de cenários fantásticos.
A outra série é "Mr. Selfridge" começou em 2013 e já tem duas temporadas finalizadas, tendo sido renovada para uma terceira. O enredo trata da ascensão e da queda do empresário varejista norte-americano, Harry Selfridge. Ele vai para Londres, em 1909, com a família e abre a primeira loja de departamentos em solo britânico, a Selfridge&Co.
Mostra a mudança na mentalidade da sociedade londrina, ao deixar de fazer compra em lojas especializadas, passando a frequentar uma loja de departamentos. Demonstra a preocupação do empresário em bem atender seus clientes, a departamentalização dentro da loja, a criação das vitrines.
Tal como "Downton Abbey", "Mr. Selfridge" é uma história de época, apesar de não estar direcionada para a nobreza britânica. Foca na sociedade londrina e também no relacionamento entre os funcionários.
Como opção de bom lazer, ainda mais agora na época da Copa e das eleições, procure no seu canal de televisão a cabo, ou na internet, estas duas séries. Não se decepcionará e será uma porta de entrada para programas diferentes dos seriados brasileiros e norte-americanos. Longa vida a Rainha!
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