Há livros que marcam a vida da gente. Podem ser livros que você leu na infância, na juventude ou na fase adulta. Mas um, ou mais de um, permanecerá na sua memória.
Eu tenho alguns - lembro-me de ter lido e relido "As Mil e Uma Noites". O livro narra contos dos folclores indiano, persa e árabe, contados por uma moça prometida em casamento ao rei da Pérsia. Só que o rei, após a noite de núpcias, mandava matar suas esposas. Para não morrer, ela adiava o final das histórias para a noite do dia seguinte.
Tem também os livros a respeito da mitologia greco-romana. Gostava de ler sobre os deuses, que tinham traços humanos, e influenciavam a vida dos terrestres. Fazia tempo que estavam "adormecidos", mas no começo deste século, "retornaram a vida" em séries de livros, sobre os quais falarei em outra postagem.
O livro que quero recomendar e que também me marcou foi "O Meu Pé de Laranja Lima", de José Mauro de Vasconcelos. O livro foi lançado em 1968, já tendo sido traduzido para 52 idiomas, em 19 países.
Meu primeiro contato com o livro foi através de uma telenovela, de mesmo nome, que foi transmitida pela rede Bandeirantes em 1980, quando eu tinha 9 anos. Foi a minha primeira novela que me recordo. Acho que por ter idade similar a de Zezé, o protagonista do livro, fez com que eu acompanhasse a novela.
A novela deve ter sido o que "Carrossel" e "Chiquititas" foram para as crianças de agora. Uma história que poderia se passar com qualquer uma delas, sem todo maniqueísmo e "esperteza", além de outras "qualidades" que têm as novelas atuais.
O livro, que deu origem a novela, fui ler tempos depois. Mas lembro-me que a história, narrada no livro, das aventuras de Zezé e seu irmão mais novo, Luís, tinha a mesma força que do tempo que assisti a novela.
O enredo é simples, a princípio - as histórias de um menino, filho de uma família simples e com vários irmãos, Zezé cuidava de seu irmão mais novo, Luís, enquanto vivia sua vida. Zezé estava descobrindo o mundo, gostava de saber coisas novas; mas gostava também de pregar peças aos outros.
Era uma vida típica de cidade do interior, e muito antes da tecnologia. Era banho no rio; brincadeiras com as outras crianças; "morcegar" o carro do "portuga"; levar "coça" da irmã mais velha, que estava "ficando para titia". entre outras atividades diárias.
Não posso dizer que quando li era um saudosismo, tipo "o bom selvagem", pois apesar de não morar em cidade do interior, era basicamente o que eu fazia - ia para o colégio, saía para brincar na rua, ficava de castigo quando necessário.
Pensando agora, pode-se dizer que Zezé foi um tio do 'Menino Maluquinho" de Ziraldo. Na verdade, ele era feliz, e tinha muita energia, que não o deixava ficar parado um segundo sequer. Mas quando precisava de uma palavra de carinho e sabedoria, ele procurava o seu pé de laranja lima. A árvore estava plantada no quintal da casa, para onde mudou-se com a família. A princípio, era uma árvore pequena, como ele, mas que cresceu a medida que o menino também crescia.
"Meu Pé de Laranja Lima", para mim, é um clássico da literatura brasileira, merecendo ser lido e relido. Após a novela da rede Bandeirantes de 1980, veio a versão de 1998 e um filme, que foi lançado em 2012. Vale a pena conhecer as aventuras de uma criança em um mundo, no qual, ela tinha todo o tempo para ser feliz.
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