Como começar um texto sobre uma cantora que faz parte do imaginário coletivo de uma nação? Tanto já foi escrito sobre ela e muito ainda será. Mas melhor do que tentar compreendê-la, é apreciar as interpretações que dava para as músicas.
Nascida Elis Regina Carvalho Costa, na cidade de Porto Alegre, em 1945. Quando menina, repetia o estilo de Ângela Maria, grande cantora da época de ouro da rádio. Aparece no cenário musical carioca, quando começa os shows no Beco das Garrafas, com direção de Miéle e Ronaldo Bôscoli (que foi seu primeiro marido) e onde conheceu o coreógrafo americano, Lennie Dale, que a ensinou como mexer o corpo para cantar.
Teve seu trabalho catapultado para a fama, com a participação no 1o Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior, em 1965, quando defendeu "Arrastão". A partir de então, foram só sucessos, que a levaram a ser considerada como melhor cantora do país.
Gravou samba, bossa-nova, rock, jazz, MPB. Ajudou a lançar a carreira de músicos, que eram até então desconhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc e João Bosco. Fez parcerias memoráveis com Jair Rodrigues, Rita Lee, Tom Jobim, Chico Buarque.
Não fazia shows, fazia espetáculos. Suas apresentações tinham roteiro, figurinos, iluminação, contavam uma história. Com sua presença de palco, voz e personalidade, inovou os espetáculos musicais no país. Temos "Falso Brilhante", que ficou um ano em cartaz; "Transversal do Tempo"; "Saudades do Brasil"; "Trem Azul", como exemplos.
Além de cantora, foi mãe também. Do primeiro casamento, com Ronaldo Bôscoli, teve João Marcelo. Com César Camargo Mariano, teve Pedro e Maria Rita.
Como sugestão de livros sobre sua biografia, citamos "Furacão Elis", da escritora Regina Echeverria" e "Viva Elis", do escritor Allen Guimarâes, que também foi o curador da mostra com mesmo nome, que aconteceu no ano de 2012, que teve inclusive shows de Maria Rita, cantando os clássicos de sua mãe.
Desde o ano passado, Elis está de volta aos palcos. Desta vez, em "Elis, a Musical", um musical da produtora Aventura Entretenimento, com texto de Nelson Motta e Patricia Andrade. E está muito bem representada por duas excelentes atrizes - Laila Garin e Lílian Menezes (substituta)
É difícil recriar a vida da cantora, que até hoje é considerada uma das maiores que já surgiu no país e que conviveu com astros do calibre de Jair Rodrigues, Tom Jobim, Vinícius de Morais, Milton Nascimento, Lennie Dale, Miéle e Henfil. Mas "Elis, a Musical" consegue mostrar os momentos mais marcantes da vida da nossa Pimentinha.
A peça começa e termina com "Fascinação". No total, são lembradas 49 músicas, que fizeram parte da história de Elis Regina, e por que não dizer, da nossa também. Vemos "Aprendendo a Jogar"; "O Pato"; "Arrastão"; "Pout-pourri do Fino da Bossa", com Jair Rodrigues; "Madalena"; "Maria Maria"; "Águas de Março", com Tom Jobim; entre outras.
Quando você vai ver um grande espetáculo, você quer ver com o artista principal. Fui no começo da temporada e pude assistir a performance de Laila Garin, que inclusive ganhou o prêmio Shell de melhor atriz, pelo musical.
Agora no final de maio, voltei para rever a peça. Comprei o ingresso pelo telefone e pedi para o atendente que queria ver com a Laila. Ele me vendeu e disse que a apresentação seria com ela. No dia, quando começou o espetáculo, durante os anúncios, falaram que Elis seria interpretada por Lílian Menezes.
Juro que no começo fiquei muito chateado, porque não era o que tinha comprado (e falado para minha acompanhante). Mas bastaram os primeiros acordes, que Lílian nos cativou. Saímos maravilhados. Mais uma vez, Elis Regina estava no palco. Foi quando pensei, se a equipe tem que escolher uma atriz, que substituirá a principal, com certeza, tem o mesmo nível que ela. Foi o que vimos. Então, não se importe se será com uma ou com outra, Elis estará a sua frente. Aproveite (e muito) o espetáculo.
O musical conta com um grande elenco, que já participou de vários musicais nacionais. Mas não podemos deixar de citar o trabalho de Ícaro Silva, que dá a vida a Jair Rodrigues, no programa "O Fino da Bossa" e ainda vai brilhar em muitos musicais; Danilo Timm, que incorpora a voz e o corpo do showman Lennie Dale; e Guilherme Logullo, que canta e dança maravilhosamente.
A música abaixo, "Redescobrir", fez parte da série "Grandes Nomes", que a rede de televisão Globo transmitiu na década de 1980. O da Elis Regina foi ao ar no dia 03 de outubro de 1980. Ela também está no encerramento do "Elis, a Musical". É uma cena bem marcante. Ótima forma de encerrar um lindo espetáculo.
Curiosidades: Elis também está retratada no musical "Rita Lee Mora ao Lado". Está na cena em que vai, junto com João Marcelo ainda bebê, tirar Rita da cadeia.
Classificação: Não perca a oportunidade!
"Elis, a Musical"
Teatro Alfa
Até 13/07
Quinta - 21h; Sexta - 21h30; Sábado - 16h e 20h30; Domingo - 15h e 19h
Duração - 180 minutos (com intervalo de 15 minutos)
Com Laila Garin, Lílian Menezes, Tuca Andrada, Cláudio Lins, Ícaro Silva, Danilo Timm e grande elenco.
Simplesmente fantástico!
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